terça-feira, 13 de abril de 2010

PERSCRUTANDO O INSONDÁVEL

  • Um critério prático capaz de nos auxiliar na apreciação da conduta humana, qualificando-a do ponto de vista rotulável como boa ou má, constitui fatalmente a identificação do efeito desse procedimento sobre o corpo, emoções e intelecto. Deste modo uma idéia impregnada de melhorias na higiene física, emocional e mental de um indivíduo seria interpretada como um pensamento potencialmente passível, na prática, de tornar-se mais abrangente no corpo da humanidade. Se fosse possível retrocedermos no tempo poderíamos surpreender nossos ancestrais nos dias em que descobriram o elemento fogo. Então, por certo, perceberíamos o desespero, a ânsia e a perplexidade marcando suas atitudes. O desespero com a conservação de uma entidade cuja utilidade sequer podiam imaginar mas que uma espécie de força muito poderosa ordenava fosse preservada a qualquer custo. Vestígios de consciência possivelmente já os animava naqueles tempos primevos. De alguma maneira dizia-lhes que aquele que controlasse o fogo exerceria influência sobre os demais. Muitos rudimentos de moradias devem ter-se transformado em cinzas. Queimaduras e outros acidentes terão ocorrido até conseguirem dominar o elemento ígneo. A ânsia, angustia pela incerteza das conseqüências de dominar aquele elemento dotado de tantas possibilidades de exploração e outros tantos riscos, ainda desconhecidos. Quem o dominasse por certo exerceria poderosa hegemonia sobre aquele que não revelasse tal habilidade. A perplexidade ou dúvida quanto a se valeria a pena e se deveriam continuar correndo os riscos decorrentes do exercício de tal controle. De maneira modesta mas com boa vontade, procurarei construir uma pálida imagem do que poderia transitar na mente rudimentar de nossos ancestrais em gradativa e lenta evolução, habitando em uma Crosta Terrestre ainda se consolidando. O cenário é resultado de fragmentos de memória de antigas aulas sobre Biofísica na UFSM(1966) cujo objetivo era nos auxiliar a entender a teoria da origem da vida sobre nosso planeta. Nos era lembrado, naqueles dias, que o futuro ser humano- mescla ainda amorfa contendo os elementos carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo e enxofre em constante turbilhão de arraste e rolamento, e sob enérgico e permanente açoite da radiação solar- nessas condições básicas e elementares não era capaz de conceber, mesmo que vagamente, uma idéia da configuração de seu futuro descendente e sucessor dalí a milhões de anos. Muito mais tarde essa massa humana( humus=terra) estruturada em ossos, pele e outros órgãos com tecidos diferenciados em células nervosas e uma mente rudimentar, seria contemplada com o sopro anímico espiritual. Desde então, gradativa, lenta e continuamente, esse homem primordial vem sendo excitado em sua espiritualidade . É uma tarefa árdua. Exige dedicação, perseverança, determinação e aplicação inquebrantável nos desígnios da Inteligência Universal. Relativamente ao sopro anímico espiritual, alguns estudiosos o associam à passagem bíblica do Gênesis em que é apresentado na alegoria da criação do homem a partir do barro, no qual, após modelado, o Eterno Criador lhe teria insuflado o Sopro Vital. Os estudiosos de Teosofia o identificam como Atma. Tal alegoria deve incitar nosso intelecto para que possamos haurir algo no estudo do intrincado Sopro Vital. Decerto nos auxiliará a identificar os indivíduos segundo a propensão íntima de cada um para praticar atos que nos agradam ou atos que consideramos perversos. Ou sejam os bons, ou os maus exemplares humanos, respectivamente. O comportamento humano afigura-se-nos um tema da maior relevância. Estando a exigir uma reflexão capaz de nos conduzir aos fatores que podem induzir nosso próximo a ter atitudes consideradas positivas, ou negativas, sendo estas por isso mesmo aceites ou rejeitadas por nos. Tenhamos em mente que somos todos produto do meio em que fomos formados e dele conservamos vestígios. Logo somos naturalmente condicionados a exibí-los de modo um tanto sutil, em relação aos componentes do cenário que nos deu origem, consistência e forma. A consciência no-la dotou a Inteligência Universal. Decerto ainda o faz, aos poucos e diferenciadamente, à medida que exibimos talento para sustentarmos esse sublime atributo. Recebemos educação, trabalhamos, divertimo-nos, amamos. Até mesmo guerreamos. Mas sempre na convivência com nossos semelhantes, como a desempenhar nossa original inclinação gregária. A razão nos oferece a medida de necessidade dessa coexistência se efetivar com os salutares elementos de uma parceria. Mas ela própria, deve ser suscetível de modificações visando satisfazer a crescente carência de harmonia entre os homens. Em especial os indivíduos que ante os reclames do consumismo acabam por se enredar no materialismo que embota a razão, a sensatez e a própria consciência. Estará assim armado o cenário onde até o Livre-arbítrio poderá ter sua manifestação desvirtuada. Através dessa espécie de crivo da consciência, passam necessariamente a maioria das decisões responsáveis por modelar as atitudes do ser humano civilizado. Portanto subsiste em cada um, e em todos nos, efetivamente, o poder de escolha. Sermos bons, ou maus. Termos atitudes agradáveis ou desagradáveis para com nosso parceiro de tão longa e atribulada aventura cósmica. Certamente que as duas opções são dispendiosas. Entretanto haveremos de ponderar que continuar investindo na primeira pode melhorar nossas chances de experimentarmos paz e harmonia interior. Claro que em muitas oportunidades as circunstâncias nos levam a questionar silenciosamente nosso âmago. Basta que alguma coisa não saia de acordo com o nosso projeto de vida e pronto!, já nos questionamos: onde errei?. Qual a causa de sofrermos determinados revezes se não cometemos mal contra ninguém. Às vezes até alegamos, distraidamente, não nos lembrarmos de ter acarretado prejuízos a outrem. O Kardecismo interpreta essa falta de lembrança como mais uma prova de que a Inteligência Universal nos acode sempre. Em muitas ocasiões Ela providencia para esquecermos temporariamente alguns crimes cometidos em outras vidas. Desta maneira não nos assoberba a mente na oportunidade em que nos esforçamos para cumprir outras etapas de nosso aperfeiçoamento. Poupa-nos, por exemplo, do remorso que sentiríamos por recordar ignominiosas atitudes em existências pretéritas. Em momento oportuno seremos chamados a resgatar nossas pendências. Às vezes demora a ponto de as 'esquecermos' . Mas como sentencia o ditado popular: "a Justiça Divina tarda mas não falha". Assim se examinarmos com responsabilidade, e à luz da Lei Natural de "Causa e Conseqüência", perceberemos que o 'fardo' pressionando nossa consciência, em determinadas ocasiões, pode nos parecer menos injusto e por isso mesmo compatível com nossas condições de o suportar. A alegação de não lembrarmos o ter cometido um ato delituoso não nos exime de culpa. Quer esse delito tenha sido cometido contra nosso próximo ou contra nos mesmos, pois falhamos ao descuidar dos deveres de nos esclarecer para podermos esclarecer nossos semelhantes. Estudiosos dignos de consideração asseveram que as três leis que regem os destinos da humanidade estão relacionadas com a Evolução, a Reencarnação e a Conseqüência. Sendo esta a reguladora das duas primeiras. A Inteligência Universal em sua Onipotência dotou os homens, mesmo os mais incultos, com certa dose de noção dessas Leis. Uma das mais difundidas popularmente, mas nem sempre compreendida, reza que "Quem semeia ventos colhe tempestades", é decorrente da Lei da Conseqüência. Ela pode explicar eventuais desarmonias e vicissitudes em nossas vidas. Além disso, convém consideremos que nossa eventual invigilância e até nosso menosprezo pela singela sentença podem se constituir em empecilhos para que percebamos o ensinamento que lhe é transcendente.