domingo, 26 de outubro de 2014

HOJE, 26 DE OUTUBRO DE 2.014.

- E por que hoje é o dia 26 de Outubro de 2014(não me quedo feliz usando o plural- '...são 26 de outubro...'- tido como correto e preconizado por respeitáveis lexicólogos lusófonos), decidi registrar algo alusivo a esta data. Tal como em outros anos, nos quais ocorrem eleição(ões) e às quais compareço religiosamente, não tanto pelo dever cívico mas especialmente pela consciência política que configura meu caráter de Cidadão. Consciência política essa forjada ao longo de meio século no exercício do sufrágio universal em que raras vezes logrei sucesso ao constatar que o(s) candidato(s) eleito(s) com o auxílio de meu voto não correspondiam às minhas expectativas e às de muitos outros que, como eu, lhe haviam outorgado essa autêntica, embora sinótica, procuração para nos representar e defender nossos anseios e direitos ante os demais cidadãos e autoridades. Por oportuno, convém lembremos o significado do verbete Cidadão, hoje tão cantado, decantado e deturpado. Cidadão-"s.m.,habitante da cidade; aquele que está no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado"(Dic.Bras.Contemp.-Francisco Fernandes,ed.1.956). Ocorre que 'estar no gozo dos direitos civis e políticos'- em nosso Pais- na minha humilde percepção, constitui uma interpretação que revela graves injustiças sociais que se vêm perpetuando ao longo dos governos desde os dias do Brasil Colonial. Enquanto Colônia nosso interesse era sempre preterido pelos interesses Lusitano e de seus pares. Foram trezentos e vinte e dois anos de jugo no contexto político, econômico e social. Aí, em 1.822, com a 'proclamação da independência'(em minúsculas mesmo e, entre meia aspas, proposital para recordar essa MENTIRA posta goela abaixo dos colonos tupiniquins brasileiros que, por falta de escolaridade e consequente analfabetismo e desinformação, continuaram servindo apenas para satisfazer os interesses das nações europeias lideradas por portugal sempre acuado por seus parceiros e clientes mais poderosos, por que melhor estruturados(Inglaterra, França, Espanha). E é salutar tenhamos em mente que tal obscurantismo brasileiro vigorou em pleno Período Iluminista(J.J.Rousseau, D'Alembert, D.Diderot, Montesquieu, e outros) e que em realidade se perpetua em nossos dias na tendência em filtrar os olhos da imprensa ortodoxa, ou provocar-lhe uma espécie de discromatopsia capaz de obnubilar nossa meridiana percepção, criando  nuances  em  nossa ótica,  e uma  visão distorcida, com  escusas intenções. Quanto ao conceito de Cidadão, vejo-o,  hoje, obviamente, mais  abrangente pois que, com plena justiça,  engloba  e  contempla  todos aqueles que estão no gozo dos direitos civis e políticos  de  um Estado, sejam eles da cidade, ou rurícolas. Sou cético quanto ao direito daqueles que o perderam por não cumprirem com seus Deveres  de  Cidadão. Ao infringir  as  Leis do País  e  o  direito  do  meu  semelhante  com  agressões  de  qualquer  natureza  assumo o risco de  passíveis  punições  que variam  consoante  o  grau  e a  natureza  do crime perpetrado(...é uma reminiscência  que  o CCB  herdou  do Direito Romano que por sua  vez  exibia   a  salutar  influência do Código de Hamurabi que vigorara  há cerca de 1.700 anos a.C. entre  os  povos  da  Mesopotâmia). Sob o influxo  dos  propalados Direitos Humanos  muitas  arbitrariedades  têm sido celebradas  em  nosso Pais.  Nos países onde a criminalidade está sob controle(EUA p.ex.)um  criminoso , que atentar  diretamente e/ou  indiretamente contra o Estado e/ou o Cidadão,  será julgado  e  sentenciado a  pagar  por  sua  'quebra'  ao  dever  e  respeito  às Leis e Autoridades Constituídas  bem  como  pelo  ato  perverso  que tenha cometido  contra  seu semelhante. O  Estado  passa  a  tratá-lo  como  inadimplente  ante  as  Leis  e à Sociedade,  até  que  a  pena  seja cumprida  e  o  criminoso  revele  indícios  de  recuperação. Uma vez  em liberdade  ele continua  sendo monitorado pelas autoridades. E cada  vez  que  ocorrer  recidiva  sofrerá nova  punição  . Assim, entendo,  apenados  e  reclusos  serão  todos  os que  se  rebelam  e  amotinam, atentam  contra  as autoridades e servidores carcerários, contra  seus  parceiros  de  cárcere,  ou  contra  o patrimônio  penitenciário, exibindo  comportamento  não condizente  com  o esperado  de  quem  foi  cerceado  de  seus  direitos  e deveres  de  cidadão,  justamente  por  não  respeitar  as  Leis  do  Estado  que  regulam  os  seus  direitos/deveres  no convívio com  seus semelhantes. Portanto afigura-se-me ajustado considerar-se sempre  que  aquele individuo que  praticou  ilícito  comprovado  venha a sofrer os rigores da lei, e ainda  assim,  não  terá  restituído a(s)vida(s) e a honra (direito natural), o lar(família) emprego(meio de sobrevivência), a empresa(geradora de rendas, empregos e impostos aplicáveis  na  educação, saúde , bem estar e segurança sociais ) destruídos ou arruinados  por  seus  atos  criminosos. Nunca  será  considerado inócuo o lembrar, p.ex., que  um  criminoso  após  julgado culpado,  em sendo  encarcerado, vir  a  atentar  contra  o  patrimônio  mobiliário e/ou imobiliário , com  depredação  do mesmo, estará  destruindo  um  patrimônio  que  é  de  todos  os  contribuintes  de  impostos , e não dos  apenados  que  na  certa  terão  sempre  a  menor  contribuição. Depreende daí  que  por  mais  rigorosa  seja  a  pena  jamais  conseguirá  o  apenado  resgatar  suas  dívidas  criminosas  ante  os seus semelhantes  representados  pelo Estado  gestor  dos  recursos advindos  dos impostos pagos, maioria das vezes, pelos  familiares estigmatizados, ou seja, do que restou  do  ato  criminoso  do  apenado  que agora  alega  Direitos Humanos  para  se  esquivar  do castigo e ficar livre para novas empresas ilícitas. A educação familiar, a instrução  escolar, os  exemplos  da  sociedade e os abeberados  na  mídia  inescrupulosa  terão  contribuído  para  a  falência  do  indivíduo  enquanto  cidadão. Um enfoque de ordem  cármica  talvez  explique  o  fato  de  certos  indivíduos  revelarem  tendências  desajustadas  e  criminosas. Pode  até  explicar  mas  sem  anular  o  princípio  do Livre Arbítrio  que  assiste  a  todos  os  espíritos  ao longo  da  jornada  reencarnacionista. Mas  isto  é outro  assunto  a  que  talvez  me ocupe  oportunamente. Quero  registrar  aqui  ainda  minha  dificuldade  em  lidar  com  os  constantes pleitos classistas por aumento  de  salários. Ora em qualquer  empresa  privada, de qualquer porte  que, ao fim e cabo, contribui compulsoriamente ou não, em maior ou menor grau, com impostos que irão municiar a máquina pública,  requer-se  um  mínimo  de  produtividade  ao  trabalhador  quando  este  pleiteia  uma  melhoria  salarial. O empregador ou patrão, examina  a  performance  do  colaborador  para  concluir  atendendo ou não aos seus  pleitos. Este procedimento  viabiliza  o  exercício  empresarial, otimizando-o  em  suas  operações e  melhorando sua competitividade  ante  a  concorrência , redundando  em  maiores  dividendos e satisfação  para  os  administradores  e  investidores  que  cada  vez  investem  mais  na  empresa e em seus  colaboradores  sem, contudo,  permitir o inchaço da mesma.  Com  este  procedimento  a  iniciativa  privada  consegue  administrar  muitos  efeitos  de  movimentos  classistas  intimidatórios como greves, operação tartaruga, operação padrão  e  mesmo  atos de sabotagem  nas  empresas.  Já  a  máquina  pública  que é viabilizada  pela  arrecadação  de impostos e pelo  lucro  das empresas  estatais( raramente conhecido pelo público), não  tem  a  mesma austeridade administrativa. Frequentes  movimentos  classistas  do  tipo  acima  mencionado,  são  efetivados  pelos  bancários, funcionários  públicos  municipais, estaduais  e  federais  sem  preocupação com a produtividade. Policiais militares, professores municipais, estaduais e federais, médicos, enfermeiros  e  até  magistrados  pressionam  através de greves e outras  estratégias,  visando  aumento  para  muitos dos  já  polpudos  salários . E todos esses pleitos sem oferecer a contra-partida do melhor serviço, da melhor educação, da resolutividade na saúde pública, da aceleração no andamento de processos forenses, do aumento da segurança aos trabalhadores e contribuintes de impostos  que pagam os salários públicos. Quanto  a  classe  política,  limito-me  a  recordar  sua  capacidade  de  legislar  em  causa  própria, por  meio  de  propostas  de  aumentos  salariais  e  de  outras  benesses  que  negociam  entre  si, ignorando  os pleitos dos  eleitores  a  quem  devem  seus  cargos  e os quais só voltarão  a ser  lembrados  na  próxima  Campanha Eleitoral. Devemos estabelecer, a bem da justiça, que não estamos generalizando em todos os casos, mas infelizmente parece-nos haver predominância, ou, no mínimo tendência   de predominio dos mesmos. Assim  deambula  este continental País do carnaval(desde +/-1.900), do futebol(desde 1.958) e dos oportunistas(desde 1.500).

sábado, 10 de dezembro de 2011

A SOMBRA !








































































































































































































































































































































Ao longo do relato, já um tanto engrolado de minhas Memórias, ocasionalmente deparo com alguns retalhos ainda reminiscentes de situações vivenciadas. Por vezes sinto-me desafiado a pinçar algum desses fragmentos e a usá-lo como isca para montar um novo capítulo dessas recordações que já estão ficando 'mais espichadas do que funeral de rico'. Mas a insegurança e o temor em desagradar os benevolentes e fieis leitores prevalecem, e acabam por inibir a vontade impedindo a manifestação deste já um tanto esfalfado intelecto. Destarte, arregimentando energia, tentarei costurar remembranças sobre um outro ''rapa-de-taxo". Uma espécie de espectro de energia constitui esse outro personagem. Constante, fiel e intimamente aderido, impregnando mesmo cada órgão, cada célula e átomo que compõe o esqueleto deste " vivente". Seria como um "duplo-etérico", se bem entendi e recordo dos fundamentos da Doutrina Espírita quando nos ensinava sobre o Perispírito. Até onde pode testemunhar minha memória, esteve sempre a impregnar meu ser e creio percebê-lo paulatinamente melhor à medida em que estreito meu relacionamento com o 'herói da trama'(chronos = o tempo). Essa percepção como que denuncia a carência de uma coexistência, a cada dia mais aferrada, com a mãe terra. Uma velha canção gauchesca, impregnada de telurismo filosófico, sentencia que "quem apaga o próprio rastro não vai a lugar nenhum"( ou algum"?). Estive , em algumas oportunidades, na condição de quem apaga o próprio rastro e considero-me em paz e harmonia com o lugar onde meus dotes de intelecto, esforço, dedicação, perseverança e livre-arbítrio - temperados com algumas pitadas de virtude e de vício - permitiram-me chegar. Tal como referi anteriormente, a maioria de meus amigos conterrâneos e contemporâneos, que devida ou indevidamente poderiam prestar-se como referência, já se bandearam desta existência, alguns deles até mesmo surpreendidos. Decerto nos encontraremos numa outra dimensão e ai ficarão sabendo o motivo do atraso em me ajuntar a eles. Um profundo sentimento de confiança na vida que transcende a nossa percepção se constitui no motor desta etapa concreta de transição e aprendizado. Enquanto espero minha vez, vou tentando acumular informações que possam auxiliar-me a entender melhor o motivo e o porquê desta hospedagem telúrica. Hospedagem essa que acredito não seja apanágio dos humanos mas de todos os seres temporariamente hóspedes da tão sacrificada e desrespeitada mãe-Terra. Não li o texto mas muitas vezes ouvi alusão a certo pensamento oriental que considera realizado o homem que plantou uma árvore, construiu uma casa, engendrou um filho e escreveu um livro. Sem pretender distorcer o rico simbolismo de tal pensamento interpreto que ao plantar uma árvore, estamos apostando no futuro(abrigo, sombra, frutos, madeira para a moradia, meio ambiente). A construção da casa denota o firme propósito de oferecer segurança a nossos filhos, nossa família; é criar raízes, interagindo justamente com a mãe-Terra. Engendrar filho é acreditar em que tudo o que se fez é justo, é correto e deve ser continuado pela descendência. E o livro!. Este se poderia constituir uma espinhosa tarefa, se considerarmos que se o artífice , após realizar as três primeiras tarefas, em sendo analfabeto, ser-lhe-ia vedado escrever o livro. Entretanto não decorre muito tempo desde que o ser humano domina a arte da escrita, pelo menos no Ocidente. Aja vista que nos relatos, muitos considerados fantasiosos, sobre Marco Polo - viajante, mercador e aventureiro europeu, natural de Veneza(1254-1324 )-que embora sendo analfabeto, o Grand- Khan(Kublay-Khan imperador da Mongólia naqueles dias) te-lo-ia tomado como embaixador e lhe confiado delicadas tarefas diplomáticas, entre as quais uma mensagem para o Papa, em Roma. A entrega teria sido ao sucessor interino devido a morte extemporânea do Pontífice. Devemos considerar que para os orientais(chineses, japoneses, árabes) a ausência de caracteres alfabéticos era perfeitamente suprida pelos seus símbolos assim como o foi a escrita cuneiforme para os Assírios e a dos hieróglifos(figuras) para os Egípcios. Consta que os semitas utilizavam-se do árabe modificado(seria transliterado) num dialeto inteligível por eles. Logo não existiria, na visão dos orientais, obstáculo a elaboração de um livro e assim qualquer homem poderia deixar marcada sua passagem no nosso planeta-mãe. E deveria necessariamente ser o registro fiel de sua existência, livre da sombra do próximo e sem lançar neste a sua própria. Quantos homens em nossos dias poderiam ser considerados realizados após concluídas tais tarefas?. A resposta nos pode ser dada pela dimensão do turbilhonado comportamento humano em nossos dias. Obnubilada pela atmosfera saturada de apelo tecnicista que permeia a mente da maior parcela de nossa sociedade, esta queda-se em deslumbrado, desregrado e irresponsável consumismo, sem precedentes na história humana. E está ocorrendo em plena era de avanços e descobertas cibernéticas que tanto têm estreitado as relações sociais. Enxameiam na mídia as mensagens, conselhos e exemplos edificantes propondo moralização e sugerindo um modelo mais harmonioso e sustentável de convívio entre os passageiros ditos racionais com os tidos como irracionais e os outrora definidos como animados e os inanimados. Humanos, animais, plantas e minerais , creio sermos todos irmãos e parceiros nesta viagem a bordo da nave-mãe Terra. Somos constituídos dos mesmos elementos estruturais de nossa mãe. Diferenciamo-nos uns dos outros graças a proporção, variedade e forma como são combinados, incorporados e organizados. "São universais os elementos mas regionais as combinações", no entender do folclorista gaúcho João P. Cortes. E não por acaso mas seguindo as normas, ou leis, estabelecidas pela Inteligência do Supremo Espírito Universal que arquiteta, implementa e provê para a fiel consecução de Sua obra. Procedemos de eras tão remotas que - embora as constantes, milionárias e febris pesquisas e teorias científicas - ainda temos a convicção de muita dúvida . A experiência nos mostra que muitos valores de ontem já são duvidosos hoje. E o amanhã será outro tempo com a realidade existencial do quotidiano. São inúmeros os ângulos de enfoque acerca do mundo concreto mas - no meu pessimismo - somos muito poucos ainda os que verdadeiramente se preocupam com as forças que movem, removem, turbilhonam, deformam e transformam as condições para se ter vida sustentável e com alguma qualidade e dignidade. Sou repetitivo ao afirmar que não sou consumista!. Melhor, não estou consumista. Claro que como aposentado não posso dar-me a esse luxo. Mas, a bem da verdade, nunca fui dissipador de finanças em resposta aos pruridos e apelos mídicos. Graças a Deus, a Inteligência Universal, não me acicata a ambição por adquirir 'referenciais' aparatosos e dispendiosos. Disponho do necessário para levar a carcaça até os últimos dias. Seria mais feliz decerto, se eu não tivesse cometido algumas trapalhadas. Mas agora estou me empenhando em reavaliar meus atos pretéritos e na medida do possivel buscando contrabalançar aquelas derrapadas, algumas até úteis, com atitudes capazes de contribuir para uma sociedade e um mundo melhores. Demagogia à parte. Rogo diariamente à Inteligência Universal para que me auxilie, sempre que possível, a ser cada dia menos ruim. Sinto que está realmente funcionando. É como uma sombra que me acompanha em todos os instantes e lugares. Não será a Verdadeira Luz, ainda, mas as trevas estão sendo, paulatina e afortunadamente dissipadas.

sábado, 8 de outubro de 2011

BATEU A SAUDADE!...

É isso mesmo!, uma espécie de banzo, vez que outra, vem aporrinhando a hodierna consciência existencialista deste já um tanto calejado vivente. Um bom período de tempo em que, na maior parte, surpreendi-me a perscrutar mentalmente o caminho percorrido para quiçá encontrar alguns rastros ou sinais capazes de denunciar muitas de minhas pretéritas experiências de vida. Em oportunidades várias até a internet  me foi, e decerto continuará sendo de valia, mormente agora que já consigo alguma serenidade ao interagir com ela. Busquei em topônimos, em sítios geográficos e mesmo em rincões cujos cenários, em determinadas circunstâncias, terei sido obscuro protagonista. Indaguei a alguns moços e ainda pra outros mais usados. O resultado não se mostrou animador: ninguém conhecia ou sequer ouvira falar no tal "rapa-de-tacho" que , por sua vez, acreditava ou queria fazer crer ter convencido alguns incautos de que tornara-se, com os anos já vividos, detentor de informações e memórias sobre fatos, atos e até de algumas "personas gratas" com quem ombreara, em algum momento, parcelas da existência no longo estradear que demanda o aprimoramento do ser humano. E este aprimoramento - acredito piamente - está continuamente acontecendo desde épocas tão remotas que a mais avançada ciência ainda não conseguiu identificar com precisão, muito embora os baldados empenhos especulativos. Nossos ancestrais aconselhavam 'dar tempo ao tempo'. Outros afirmavam, com uma ponta de erudição, que 'o tempo é o herói da trama'. Presentemente e com alguma freqüência ainda assisto programas cujo tema ocupa-se da investigação da origem e evolução da vida em nosso orbe terrestre. Em momento algum percebi nos ditos cujos a exclusão do 'tempo' do elenco de fatores que comprovadamente presidem a evolução da vida, especialmente a animal, pois a vegetal se me afigura um desafio tanto quanto, ou ainda mais desarvorador. Acredito estar abeberando, ao longo de minha peregrinação nesta existência, informações básicas fundamentais e específicas que contribuem na formação da bagagem que pareço carregar. Bagagem essa tão singela que faz reportar-se minha memória às coisas mais simples da vida. À época de criança e das criancices em que quase tudo se nos acenava possível bastando-nos apenas vencer a linha do horizonte para o que a tenra idade nos parecia o percalço maior, se não o único, no então pueril entender. Daí decerto os motivo e justificativa para as crianças almejarem tão ardentemente 'ficar grandes' para, emancipando-se da 'ditadura' paterna, encetar a busca de suas quimeras. Estas, geralmente eram as mais elementares coisas que foram nossos referenciais nos primórdios em que não dominava a tecnologia. Não sou contra esta mas não suporto a noção de ser dela um irremediável refém. Por natureza sou saudosista inveterado. Fala-se, prega-se, vive-se com a idéia fixa e focada num suposto 'progresso' que nos possa guindar ao nível do primeiro mundo. Afortunadamente não estou solitário nesta experiência; a julgar pelas mensagens que recebo pelo correio virtual, sou tentado a acreditar que outros também padecem da benigna e suave nostalgia. Que progresso é esse que nos desumaniza?. Que evolução é essa que carrega na garupa a semente da indecência, da injustiça, da corrupção?. A miséria moral trasvestida de licenciosidade com a intenção de se passar por liberdade. Mas que liberdade é essa em nome da qual são praticados os maiores excessos; que nem mesmo os animais(irracionais) ao longo de sua romaria evolutiva exerceram em relação a seus parceiros. Aliás, considero de bom alvitre um rápido vislumbre na questão liberdade. Que é ela?. Como se a caracteriza?. Dentre as muitas definições garimpei esta: "faculdade de praticar tudo quanto não é proibido por lei "(A.B.DE HOLANDA FERREIRA, 2a.edição). Decididamente não me satisfaz tal definição que de resto é semelhante a outras, sempre decantadas mas raramente acatadas . Mas que é uma Lei?. Ora uma lei é o mesmo que uma norma, que deveria ser inflexível, dura ou rígida. No antigo Direito Romano concebia-se que DURA LEX SED LEX significava A LEI É DURA MAS É A LEI. Se assim fosse não teria, no meu entender, tantas brechas no texto da dita cuja. Brechas essas cujo objetivo é servir de valhacouto para os experts na arte de 'interpretar' com o intuito de desqualificar atos escusos praticados por aqueles que deveras atuam ao arrepio das normas que caracterizam a ortodoxia dos atos humanos. E tais normas são elaboradas, via de regra, por poderosos(seja um ou um agrupamento deles) em detrimento dos fracos, desestruturados ou humildes que assim quedam-se constrangidos a se submeter aos mais poderosos. A conseqüência mais desastrosa - e é salutar se especule- supostamente decorre do Espírito das Leis(Obra do genial Montesquieu) cuja interpretação compurscada serviu a Monarquia européia, de lá migrando para as colonias de além-mar. Aqui ante a absoluta ignorância dos colonos(muitos degredados) as brechas passaram a ser exploradas sem tédio. Um velho adágio reza que em "terra de cego quem tem um olho é Rei ". Penso que com um olho só nossa visão fica pela metade. De outro modo como explicar o fato de termos sido os últimos a abolir a servidão. A colonização avançou, se perpetuou por mais de três séculos, acabou cedendo lugar a uma 'independência" de mentira, pois até hoje pagamos a dívida dos colonizadores ibéricos junto ao Reino Unido. Se não sabemos pormenores de tal dívida tenhamos a absoluta convicção de que somos sangrados constante e impiedosamente através dos lucros exorbitantes das multinacionais aqui instaladas como postos avançados de seus países de origem. Decerto ao arrepio das normas(leis) que regem as relações comerciais e, como soe ocorrer, favorecem sempre o melhor estruturado, que não é o nosso País. Aqui os investimentos em estrutura básica- educação, saúde, segurança e bem estar social- andam sempre a cabresto da vontade de politiqueiros, políticos e administradores públicos, que, salvo raríssimas exceções, encontram sempre no código de leis um ralo por onde fluem as riquezas do povo e as divisas da Nação!. Boa parcela de nosso povo não sabe ou finge que não sabe para poder alegar ignorância e assim esquivar-se dos supostos 'rigores da lei' ou então permuta seu silêncio por uma cesta básica ou um mísero favor político. Tudo sustentado pela classe trabalhadora produtiva, principalmente da iniciativa privada já que as empresas públicas enriquecem especialmente os políticos e seus amigos representantes de multinacionais, ambos os lados sempre muito bem 'estribados' para negociar 'favores', sob o véu da lei que a população em sua absoluta maioria desconhece, finge desconhecer ou vende a alma para o demônio. Se porventura cair em desgraça ao cometer qualquer ilícito, sendo primário, tiver poder ou referência política e/ou 'grana' certamente desfrutará da 'complacência' das Leis que, em nossos dias, passam a ideia de estarem impregnadas de suposta misericórdia 'cristã'. Pelo menos é isso que se infere na absoluta maioria dos casos em que a arauta mídia nos informa quando, porventura e à revelia de nossa vontade, ligamos o receptor de tevê em busca de informações ou mesmo de algo que ajude a espairecer nossa preocupação com os rumos que nossa sociedade pode tomar inspirada nos desastrosos exemplos de debilidade moral, ética e queda de auto-estima decorrente da escalada da violência e de toda sorte de vícios e morbidades. Percebe-se, na contra-mão, em vicioso alarde a retórica irresponsável e corrupta sobre investimentos em serviços fundamentais(saúde, educação e segurança) que, muito embora eleitoreiros, não logram sucesso no tocante a desenvolver uma consciência gregária capaz de catapultar nossa sociedade a níveis satisfatórios. É direito e dever que assistem a cada um de nos, e à população como um todo, eleger livre e conscientemente lideranças austeras capazes de construir o rumo justo e acertado, condizente com o requerido para um País de cinco séculos, dotado de todas as condições naturais para o progresso e convivência feliz e harmoniosa de um povo laborioso e ordeiro . É sobejamente conhecido o poder que exerce sobre nosso imo psico-espiritual, e bem assim a capacidade potencial de desencadear ou agravar tantos estados enfermiços quanto mais forte for a depressão sobre nossa auto-estima. Não tenho como provar que assim é mas também ainda não me defrontei com alguém capaz de demonstrar o contrário. Posso assegurar, entretanto, com a convicção dos justos que embora os nossos sentidos pareçam não perceber a sutileza das coisas não significa inexistência das mesmas. Assim creio que podemos perceber o Onipotente Espírito Universal através de Sua Justiça e Leis que regem os reinos da natureza. Numa época marcada pela febricitante euforia e ânsia por adquirir referenciais concretos, usá-los ou consumi-los não resta espaço nem ambiência para que possamos refletir sobre os mais sublimes preceitos divinos. Preceitos esses já quase totalmente olvidados pelas gerações , principalmente as mais jovens. Também muitos dos idosos de nossos dias já não cultivam a piedosa virtude de religiosidade tão salutar em outros tempos em que o apelo ao consumo desenfreado de toda a ordem não exercia esse efeito de deslumbramento, mormente sobre os mais moços. Mesmo nos dias áureos em que detive poder para ser consumista inveterado jamais o brilho do nobre metal ofuscou-me de maneira a embotar minha visão para tomar a atitude mais conveniente. Desde criança sou , sem muito esforço, um tanto comedido no gozo dos bens materiais. É certo que naqueles dias, de meados do século vinte, o apelo da mídia não tinha a força e o poder dos dias atuais. Devia ser proporcional às condições reinantes então: maioria da população analfabeta e muito mal informada. As primeiras letras, já registrei antes, as recebi- juntamente com meus irmãos imediatamente mais velhos- de nossa mãe, junto com as primeiras noções de religião. Terá sido decerto o doutrinamento familiar, desde o berço, que formatou o modelo de vida a ser cultivado e o caminho que trilharíamos. O progresso da mídia cibernética não fez-se simultâneo com a realidade da maioria de nosso povo. Três séculos de colonialismo- em que não interessava ao usurpador esclarecer nem facilitar a vida dos colonos e sua família- consolidou o marasmo e aprofundou as raízes do nosso atraso de toda a ordem. A passagem bíblica "....e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará", ilustra esplendidamente a questão abordada. Não é de se estranhar, portanto, que num povo com tão deprimentes indicadores de evolução social, grande parte da população venha a desenvolver pendores inspirando-se em supostos exemplos oferecidos por alguns meios de comunicação. Estes, com performance de primeiro mundo, amiúde veiculam conteúdos com mensagens dúbias cujo significado grande parte da população não entende ou acaba traduzindo segundo o entendimento de seu perturbado espírito. Do seio dessa população saem nossos mestres. Se estes tiveram uma formação débil ou deficiente obviamente que irão transferir para seus filhos e alunos as deficiências de sua própria formação. E ainda existe a concreta possibilidade de que 'aquilo que eu não tenho em casa vou buscar fora'. Este 'fora' tanto pode ser na rua onde circulam os mais variados tipos de espíritos encarnados como também pode ser a própria escola com um mestre não convenientemente preparado. Ou ainda no convívio com colegas e amigos cujo ambiente familiar não é dos mais adequados para a salutar formação das jovens cabeças que amanhã poderão ser nossos líderes, perpetuando a desgraça. Talvez tenha sido essa realidade que inspirou o saudoso Vinicius de Moraes a poetar considerando que "...são demais os perigos desta vida". Talvez, pois como posso ter certeza do que passa na cabeça dos poetas, especialmente desse que imortalizou e difundiu a imagem da Garota de Ipanema, entre tantas outras canções que auxiliam a projetar as belezas da cidade do Rio de Janeiro, cartão postal de nosso País. Creio ter ouvido essa música pela primeira vez há um meio século. Era rapazote mui tímido, de maneira que me sentia corar de vergonha, nas primeiras vezes quando ouvia esse expoente da MPB, na presença das moçoilas. Naqueles dias nossa música começava a tirar o fôlego dos tangos e boleros oriundos da região platina. O grande Vicente Celestino também dava  sinais de que não iria muito mais além. Em que pese a força de sua esposa Gilda de Abreu  dirigindo, o filme homônimo de O Ébrio,  não deslanchou. Entretanto a música era bem  difundida  nas  emissoras de rádio  de  minha região. Reuniões  dançantes com bingos, festas políticas e religiosas, quermesses, parques  de diversões  e  espetáculos circenses eram animadas com a música de Vicente Celestino. Alguns  amigos  mais  atualizados,  e até  por exibicionismo, vez que outra  recitavam  os  versos da Garota de Ipanema. Longe de ser unanimidade  naqueles dias,  a  letra  da  música  gerava um certo prazer constrangedor  quando  víamos  na  Praia dos Dourados- no rio Santa Maria, ou nas ruas de Cacequi- uma  beldade  amiga  ou  namorada  de um amigo,  desfilar  um  belo  par  de  coxas e pernas, escolhendo  cuidadosa  e graciosamente  onde  apoiar os pés.  Eram  dias  em  que  dançar  junto  não  dava  margem  a 'amassos'  pois  a  direção  do  clube  logo  acudia  em nome  da  postura e dos bons costumes sociais. Entre  a  rapaziada  até  era  praxe  a  expressão  'dançar de par constante' ou ' incostante',  mas  sempre  levando  em consideração  a  possibilidade  de  a moça  ser  casadoira.  Não é demais repetir- especialmente  nestes  dias em que  mascarados se infiltram  nas passeatas e manifestações públicas-  que  nos bailes de  carnaval daquela época, um mascarado  ou  vestindo dominó,  era  convidado  a  comparecer  ante  a  direção do clube  para  identificar-se  e só assim  poder participar  da folia.  Mas  estas coisas  já  estão  meio século  desatualizadas  restando-me, tão somente,  a  possibilidade  de  recordar  e, silenciosamente,  questionar  como  me  haveria  de  portar, se jovem fosse,  numa  sociedade  cujos  costumes salutares  e  princípios  morais  e éticos  se  apresentam  tão  débeis e confusos.


domingo, 12 de setembro de 2010

RECULUTANDO AUSÊNCIAS!

Viajei outro dia pra rever irmãos distantes// e também alguma amizade extraviada// ajoujada ia comigo a prenda querida //atrás ficava metade de nossa vida//a frente outra metade pra ser vivida// Com astro-rei a iluminar a estrada //rumamos pra Santa Maria no setentrião//onde sempre temos muito carinho//das cunhadas e amigos em nosso caminho//além do mais velho e dileto irmão. Chegamos na buliçosa Santa Maria //ao anoitecer e qual ignotos filhos//sem fazer reservas em hotel algum//e não dispostos a fazer zumzum//decidimos ir pernoitar em Julio de Castilhos. Efetuamos o trajeto sem tropelias//já comemorando alguma qualidade// ao esquivarmos da fusarca juvenil//tão ao gosto da moçada estudantil// que perturba o sono em nossa idade. Um pequeno hotel à beira da rodovia//administrado por três membros da família// conquistou a nossa preferência//pela simplicidade, limpeza e a descência// da recepção até a portaria e a mobília. Os degraus da escada do aposento//com bom gosto e originalidade//chamou logo nossa atenção//na homenagem ao Pai da Aviação//criador e inventor de genialidade. Depois do banho restaurador// saboreamos caprichado lanche com legumes//providenciados pelo gentil hospedeiro//que àquela hora liberou o cozinheiro//ademais de jantar não temos costume. Aposento mui asseado e roupas impecáveis //na cama, banheiro e até na pia//convidando os viajores ao descanso// no ambiente bem acolhedor e manso//graças a dedicação do proprietário, sua mãe e uma tia. Dormimos um sono dos justos//e pela manhã em lugar dos galos//nos anunciar o novo dia raiando//ouvimos ruidosos motores roncando//tocados por centenas de potentes cavalos. Deixamos a cama quase de um salto//e após uma bela ducha pra reanimar//tomamos fartos cafés bem quentes// antes de retomar a busca de meus parentes//que a distância estava a separar//Passamos ao largo da histórica Cruz Alta//berço do Érico Veríssimo imortal//notável escritor d'O TEMPO E O VENTO// sobre nossa gente obra- monumento// épico integrante da literatura universal . Tomamos o rumo do planalto médio/e aqui o progresso é de outro mundo//passamos Ibirubá, Não-me-toque e Colorado//lavouras e indústrias pra todo lado//sempre na direção de Passo Fundo. Intenso tráfego de feriado nas rodovias//trevos e viadutos não faltaram no caminho// com a atenção para evitar surpresas//perdi da primavera muitas belezas//mas finalmente chegamos em Carazinho. Encontramos a cidade muito modificada//pelo progresso e tanto tempo passado//Procurando meu irmão só não fiquei pinel//pelo favor de um motorista de aluguel//que nos levou ao endereço indicado. Encontrei meu irmão muito disposto//embora já bastante surrado//pelos longos anos de trabalho e rigor//conservando ainda muita força e vigor//para usufruir a vida de aposentado. A maturidade nos tornou bem diferentes//de quando fomos moleques e colegiais//nos abandonou o viço e o brilho do olhar//mas restam muitas histórias a contar//nas quais nos consideramos geniais//Após bebermos uma cambona d'água em mates//nos convidou para o almoço a cunhada//alegando com alguma autoridade//conhecer o mentiroso desde a mocidade//mas ainda não se sente cançada. Mesa simples mas muita fartura//foi logo anunciando o meu irmão//que pra comer não cultiva nenhum luxo//carnes, feijoada, arroz e macarrão//e algum verde pra destrancar o buxo. Bebida espirituosa não se ouviu falar//mesmo que fosse uma gota pra remédio//Nem cigarros de que até criou tédio//pelos males que costumam causar//Na sobremesa saboreamos laranjas//do quintal entorno da moradia//por ele mesmo construída com esmero///à semelhança do mestre joão barreiro//pois desde guri cultiva inteligência e ousadia. Na garupa da tarde que fugia a galope//entre as nossas muitas gabolices//meu mano avisou aos filhos noutra cidade//que os tios queriam matar a saudade//deles que não viam desde a meninice. Sua prenda com bondade e paciência o amadrinha//desde os primeiros anos pela ferrovia//enfrentando as situações com muita manha//na alegria e na tristeza o acompanha//e raramente não vê a vida ser como queria.//Pra nos entreter pilheirou da própria sorte// com um polegar na serra circular truncado //que agora mais parece uma cabeça de cágado/ consequência do estranho corte. Quando o resto do dia cobriu-se de fumo// jantamos de maneira muito moderada// café, biscoitos e pão com pouca chimia// sem queijo, pois vou dirigir n'outro dia//e quero evitar a barriga estufada. Depois de escutar mais alguns causos// pedimos pousada e licença pra deitar// assim uma noite inteira de bom sono //por certo nos devolveria o entono// que a longa jornada acabara de tirar. Dormi pouco mas acordei com satisfação/ por encontrar meus pares muito bem de vida //com boa saúde, paz e nenhum conflito//graças ao Espírito Universal Infinito// cuja humanidade inteira Lhe deve guarida. Ao levantar achei o irmão cevando o mate // enquanto sua prenda já resmungava// na cozinha arrumando um bom café// e falando que saco vazio não pára em pé// eu respondi que muito cheio estourava. Foi rápido o desjejum logo vindo a despedida//com o trânsito matinal na consciência//e muitos trevos que me pareciam esquecidos// Uns motoristas malevas, outros atrevidos// e este tal feriado da Independência. Após beijos e chinchados quebra costelas// com o carro já lotado e abastecido// nos despedimos tal irmãos e cunhados //muito felizes e até mesmo aliviados//pela alegria de nos terem recebido. Na estrada o trânsito agora tinha mudado/carros com excesso de velocidade//usavam a pista que era do transporte pesado/ até a saída de Cruz Alta rumo a Colorado/ sempre em rodovia de boa qualidade. Pra trás deixamos o distrito de Pulador//que integra a histórica Passo Fundo// onde maragatos combateram ximangos outrora//no alvorecer da Rio Grandense aurora//numa das mais sangrentas refregas do mundo. Adiante esperava mais um nome histórico// na cidade do ximango Júlio de Castilhos // político hábil e advogado idealista/além de inconteste líder positivista/ lídimo herdeiro dos valorosos Caudilhos. O astro-rei a pino nos mandou ao repasto/e com o tal de apetite a nos fustigar,// chegamos numa galeteria muito ajeitada// que encontramos ali na beira da estrada,/ fizemos o pedido e quedamos a esperar. "Vai demorar um pouco" nos disse o garçom/ parecendo muito novo mas bem educado/; "fica um pouco distante o nosso aviário" !/ gozou outro que devia ser o proprietário// dando sinais de ser muito informado. Serviram primeiro toda a guarnição/ e finalmente trouxeram a jovem penosa// E para beber?, perguntou para mim// vinho branco seco de Val Feltrim!// respondi, e guaraná para a esposa. Comida boa e ambiente muito agradável/ elogiei logo para o alegre comunicador//que agradeceu e indagou com quem falava//de onde eu era e também por onde andava//sem tirar o olhar do meu chaveiro traidor. Falei que conhecia bem aquela cidade/ nela tinha trabalhado como vendedor// citando ainda nomes de um colega antigo// e de outro companheiro e ilustre amigo // que em Tupanciretã era grande doutor. Foi então que o empresário contou o fato/resumindo muito magoado o triste caso// do falecimento dos velhos genitores//acarretando insuportáveis dores //e o suicídio de meu amigo Carlos Mazo. Incrédulos ouvimos a pavorosa notícia/ e com minhas idéias em grande rebuliço/ nos despedimos do arauto sem ter pejo// mas demonstrando nosso grande desejo// de saber pormenores do trágico sumiço. Para revermos outros irmãos restantes//seguimos perplexos rumo de Santa Maria//que sendo ainda um pouco mais velhos // se constituem nossos grandes espelhos// a nos mirar nesta longa e vital romaria. Fomos direto pra casa de meu dileto mano / que do trabalho não tinha chegado ainda// contou sua esposa com pouca entonação/ falando com certo pesar no seu coração// pois já não nos víramos em nossa vinda. Pouco assunto e fomos ver outra cunhada/ última irmã da minha esposa que resta/ e nos acolhe sempre com alguma festa// morando ao lado da neta e da filha casada. Temos outros parentes e amigos em apreço/ que requerem muita atenção e carinho/ mas sempre falta tempo para os visitar//além das virtuais preferências a pagar//pois o tempo galopeia mas é longo o caminho. Pouca demora!, e "até a volta se Deus quiser"/dito com o motor já um tanto acelerado /e o veículo se alinhando para o poente/pras bandas em que empecei a ser gente/ sentindo serenar meu espírito lacerado. Tomamos o rumo de minha região natal/ buscando talvez refazer a mente estropiada/ passando pela centenária General Vargas /sentindo eflúvios do Loreto em descargas / seguindo em disparada pro Cacequi fatal. Chegando aqui não encontrei o que buscava/ da velha moradia e do primeiro colégio//nada mais era ou estava tudo mudado// Na rua agora só algum olhar encovado //e de outrora sequer vi um sortilégio. Ao abastecer num moderno posto central/ fui informado de vários nomes lembrados// alguns que se foram pra outra cidade// buscando realizar um ideal de mocidade// e outros com a saúde precária ou acabados. Nestes estava o casal Oscar-Ruth Machado/ que costumava ter uma notícia histórica//sobre o antigo Cacequi dos pescadores//ou do velho Ibicui com seus vapores// pra contar sempre com muita retórica. Abatido com tantas amizades que partiram/ meu espírito ainda esboçou certa reação// e feliz por ter a prenda querida ao meu lado/ revi no repente nosso recente passado/ e concluímos que era tempo de recreação. Com o tanque cheio encaramos a estrada/ em direção a Rivera na Banda Oriental/ decididos a não voltar pra Santa Maria/e a ficar em nossa cidade no outro dia/se Deus permitisse andar tudo normal. Percorremos a RS-640 até próximo de Rosário/servida pela BR-290 que leva a Uruguaiana// e dá acesso a BR-158 cuja vista à distância// contempla na direita toda a elegância// da Serra do Caverá muito antes de Santana. O Feriado Nacional atraíra aos ricos/ shoppings de Rivera muitos turistas// que movidos pelo dólar a preço atraente// fizeram das lojas um formigueiro de gente//e depois converteram as estradas em pistas. Tomamos cuidados com tais fatos viciosos/ chegando em segurança ao destino visado// atravessamos a linda e cuidada Santana// que com a vizinha Rivera há muito se irmana//e aqui quase sempre fico bem hospedado. Fomos direto como tantas vezes fizemos/ desencilhar o nosso já surrado fordeco// ao lado de outros belos e fogosos corcéis// depois exibimos das bodas nossos anéis// e a modesta bagagem com algum cacareco. Na recepção uma moça nos desejou boa noite/ num já familiar sotaque bem fronteiriço// pedindo minhas identidade e assinatura/pra evitar alguma surpresa ou amargura// e nos confiando pra camareira de serviço. Esta nos instalou num singelo aposento / do austero hotel já reformado por antigo// sem muito luxo mas bastante agradável//dispondo mesmo de uma boa cama inflável//onde até relaxamos antes do banho amigo. Saímos a passear e olhar algumas vitrines/ após cearmos um saboroso peixe badejo // regado por uma nobre Patrícia gelada//sob os atentos olhares da prenda amuada/ já exibindo sinais do peregrinar andejo. Nos recolhemos ainda muito cedo ao hotel/ nem sequer fomos ao tradicional cassino// pra arriscar nossos controlados cobres// temendo por certo ficarmos mais pobres// pois assim penso e ajo desde ainda menino. Assistimos um pouco de TV em Castelhano/e dormimos rodeados de anjos espirituais // que nos guardam sempre pela vida inteira/bastando tão somente que a gente queira/ a companhia desses guardiães celestiais. Outro banho rápido logo ao iniciar o dia/ nos preparou para outra grande jornada/ e após tomarmos um farto e saboroso café/ quitamos a conta e de novo saímos a pé/ encontrando alguma loja ainda fechada. Nas lojas abertas achei o que procurava/ mesmo algum supérfluo objeto de nosso desejo//duas balanças para controlar as calorias// algum vinho chileno e outras iguarias//não esquecendo uns belos nacos de queijo. Abastecidos e refeitos nos despedimos/ das hospitaleiras Rivera e Livramento // já pensando onde seria a próxima parada //pois sendo bastante longa essa estrada//já quando vendedor não me era do contento. Adiante chegamos na cidade de Dom Pedrito/ que deve aos índios Minuanos o seu nome/ buscando algum restaurante ou lancheria//cuidando que não servissem comida fria// mas não achando fomos a Bagé saciar a fome. Achamos a Rainha da Fronteira em festa/ comemorando feliz a histórica maravilha/ de ter sido o palco da batalha do Seival/ cujo chefe Souza Neto mais tarde General/ proclamou em 35 a República Farroupilha. Após rápida volta no centro em rebuliço// entramos na Santa Tecla, famosa avenida// lembrando um grande formigueiro em ação//devido o intenso movimento e circulação// onde finalmente encontramos comida. Num restaurante desses à beira da estrada/ onde comem caminhoneiros, sem ostentação/ com um cardápio simples e a mesa singela// pra que o estômago não devorasse a goela//e não viesse complicar nossa digestão. Frutas e legumes sem exagerar na carne// e logo terminamos com o maneiro almoço / saindo ali pelo entorno mesmo a caminhar/ pra mais fácil nosso alimento desgastar/ enquanto nosso celular tocava em alvoroço. Era a Dádiva Divina em nosso amado filho//alegando fundados motivos de inquietude/ agastado com as chamadas sem resposta// para os velhos pais dos quais gosta//que saíram a campear a perdida juventude. Depois de ouvirmos nosso zeloso herdeiro/ voltamos meio chateados para a estrada// que costuma punir os incautos com rigor// causando muitos prejuízos e dissabor// além de muita vida prematura arrebatada. Tal já ocorreu nesta região em que outrora/muitos, na Ibéria irmãos, em encarniçadas// e memoráveis campanhas de conquistas// sem nunca tirar os inimigos das vistas// nem das ricas terras por Deus abençoadas. Passamos por Hulha Negra e Candiota onde/ tem uma grande Geradora termoelétrica//que fornece muita força e a bela centelha/ que ilumina a Terra do Vinho e da Feovelha/ e uma histórica região que já foi tétrica. Por aqui nasceu a República Farroupilha/ cujo solo sagrado imitando a cor do breu/ pois foi encharcado no sangue dos imunes/ LANCEIROS NEGROS DE TEIXEIRA NUNES/ chacinados por Chico Pedro de Abreu. Jamais tal página será varrida da história/ de uma nação cujo penhor de dignidade// fora ardilosa e covardemente forjado/contra um bando de negros somente armado/ de lança e a falsa Promessa de Liberdade. Mas não vou, por certo, arrumar a história/ que alguém com acento já disse ser feita/ de reparações salutares e justiças tardias/ e muitas vezes até nos servem como guias/ contra as ações que a Lei Divina rejeita. Na cidade com o nome de Pinheiro Machado/ hábil chimango, senador e herói nacional/ fomos atentos com a polícia rodoviária/que nos parece sempre deveras temerária/ pra aquele que não respeita o código legal. Bem adiante cruzamos o trevo para Piratiní / Capital Farroupilha na época do Império/ vendo na distância até algum cemitério/ em que há muito repousam bravos por aqui. Esta viagem se aproximava agora do termo/ já nos deixando no âmago uma merencória/ sensação de nosso dever de fraternidade/ com os irmãos e também de fidelidade/ realizado aos amigos marcados na memória. Setenta e duas horas durou tal andejar/ por duzentas e vinte léguas nas querências//dos pontos cardeais escapando o nascente/ onde desconheço algum amigo ou parente/ a quem devamos prestar mais reverências.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

OS PODEROSOS CONTAM A VITÓRIA!.

De tanto ver, ler e escutar / histórias de antepassados guapos/umas impregnadas de aparente cinismo //outras repletas de palpitante heroismo/reportando à Guerra dos Farrapos!. Não tenho de historiador a erudição/Porém do decênio dessa história//retenho ainda alguma memória. Tão várias e tantas as versões//lembrando também com fundamento// mesmo como provável documento/ aquelas vertidas em Platinas traduções. Se aos oprimidos impõe cumprir/ normas que são leis// inventadas por poderosos e reis/ cumpre-nos o dever questionar// muitos dos contos retóricos// sobre fatos históricos// apresentando os arrogantes vencedores/ em detrimento de supostos perdedores. Fazem todos eles a história da humanidade/que se extravia nos tempos idos//desde veteranos heróis destemidos/até oportunistas campeando alguma notoriedade. Obrou sempre a humana raça/ assim, nos mostra a experiência// Se não cambiar nossa consciência/do materialismo para o transcendental//nos julgue a inflexível Justiça Universal!. Esta tenhamos todos a convicção/ pode ter até vã a aparência // contudo agucemos nossa tenência / para as atitudes que a vida ralha//pois o Divino Código de Leis não falha. A todas estas meu fraterno/ insanas rimas e parco versejar// te rogo cerrar atentos olhos/cambiando-os em abrolhos// pras coisas outras que´stou a contar. Do decênio heróico perdemos a cronologia/ em meio da existência em turbilhão// acolhendo qualquer conto como um legado / esquecendo que a justiça e a razão // podem não estar no mesmo lado. Está tudo registrado em algum lugar/ desde a velha Creta do Minotauro//até nossa Epopéia dos Centauros//São sempre mesmos os resultados//Poderosos fazem a guerra pagam a conta os coitados. Não se ofenda, por meu xucro linguajar/ por favor te rogo meu patrício//pois o amanonciei com algum vício//carregado de penas e muitas manhas// que ainda conservo do inocente oriundo da Campanha.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

CULATRA DE MEMÓRIAS

  1. Pela janela vislumbrei hoje cedo/crianças encorujadas buscando seu destino//trazendo de volta meus dias de menino/e o distante passado que se foi//repontando campos repletos de bois//e as quinchas caprichadas outrora brancas de geadas!. Por algum tempo quedei a cismar/estaria recordando ou a sonhar?//com o tempo guri que passou/deixando marcas no que ainda sou//algumas fantasiando histórias/mas todas construindo memórias. Passou o ontem e também/longe em remembranças se esvaí/muitas entropilhadas de aís/outras de tão prasenteiras//alegrarão por certo a vida inteira. Reviver pra dentro é recordar/rememorando a existência vivida/um pouco da infância perdida/na constante busca do onde//o baldoso destino se esconde. Em realidade não se encontra perdida/ mas se constituindo em verdadeiro espelho/ a refletir a habilidade de pelejador velho / que dissipou em antigas batalhas ingentes// a energia de jovem inexperiente. Assim da natureza as leis/ estabelecem em preceito sagrado/Não tenha o homem na senectude/ a performance vital da juventude// nem pretenda o jovem infantil// a experiência que contempla o senil.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

A FARMÁCIA E O FARMACÊUTICO...

Após quase quatro décadas de familiaridade com a área farmacêutica concordamos, eu e minha esposa, que chegara a oportunidade de constituirmos nossa própria farmácia. Na realidade seria uma drogaria. Assim eram entendidos os estabelecimentos que dispensavam, ou vendiam, especialidades farmacêuticas já industrializadas, prontas para uso terapêutico. A especificação 'farmácia' refere-se aos estabelecimentos que manipulam fórmulas magistrais reclamadas pelo receituário médico, não era nosso caso. Trabalharíamos com medicamentos já consagrados pelo uso popular, além de alguns fitoterápicos e homeopatias, cosméticos e alguma perfumaria, bem como artigos para higiene e congêneres. Era essa a nossa proposta ao iniciarmos. Com 'capital' limitado deveríamos nos entrosar perfeitamente antes de tentar alçar vôos mais altos. Embora pequeno, o empreendimento fora bem planejado e voltado para 'nichos' bem definidos. Iria suprir a demanda nos dias e horário em que as outras drogarias não atendiam. Tínhamos amigos que reclamavam a falta de profissional farmacêutico nas mesmas. Combinando minhas experiência e competência profissional com a necessidade de melhorar o teto para aposentadoria e a especial disposição de minha esposa, não enxergamos maiores riscos no empreendimento. Compramos prateleiras, utensílios e modesto estoque remanescente de uma drogaria que estava à venda há algum tempo. Alugamos o mesmo prédio, fizemos enérgica limpeza e pinturas com novas cores e disposição dos móveis. Adquirimos mais algumas prateleiras e expositores para 'Self service'. Divulgamos na mídia local o estabelecimento e a nossa proposta de serviços profissionais para todas as idades, com ênfase nos preços especiais para idosos e aposentados, além da experiente e permanente assistência farmacêutica. Finalmente no dia dezoito de dezembro de 2.001 inauguramos nossa drogaria. Somente aí é que telefonamos para o nosso filho, no Rio de Janeiro, informando-o de nossa 'proeza'. Ele nos encorajou muito e mais tarde até passou a nos enviar CD's com 'comerciais' para incrementar o progresso da 'farmacinha' como, carinhosamente, a trataríamos. O primeiro dia apresentou um 'faturamento' modesto, decorrente do pouco estoque e muitas faltas. Nos dias subseqüentes, com as faltas gradativamente sanadas, às custas de mercadoria recebida de pedidos realizados no dia anterior, o faturamento gradualmente foi aumentando e nos enchendo de entusiasmo. Lá pelo sexto mês de vendas, já percebíamos a necessidade de ampliar o investimento. Discuti o assunto com minha esposa e sócia co-proprietária. Tentamos examinar a questão objetiva e racionalmente, à luz de nossa realidade. Aguardaríamos mais um pouco. A procura por nossa drogaria era satisfatória. As restrições referiam-se a não oferecermos crediário e também não realizarmos manipulação de fórmulas. Fomos os primeiros a apostar nos medicamentos 'GENÉRICOS' mas esses não faziam esquecer a manipulação. Esta, na minha visão apresentava reticências que a mídia local desconhecia e, eu por razões éticas, não devia nem podia boicotar. Isto devido ao fato de a dita manipulação estar sendo temporariamente administrada por uma drogaria cujo responsável técnico tinha sido eu próprio, até a alguns meses atrás. E fora um dos motivos de eu desligar-me da referida drogaria cujo proprietário decidira criar o 'serviço de manipulação' sem ouvir minhas ponderações técnicas. Alegara que não havia necessidade de revisão contratual(TAC-'termo de ajustamento de conduta') pois quem executaria os procedimentos não seria eu. Isto me prejudicaria duplamente pois eu não receberia pela responsabilidade técnica da manipulação e ainda arcaria como responsável-técnico pela mesma, mesmo sem saber quem e com que critérios a realizavam. Sem outro entendimento cancelamos nosso contrato de trabalho. A seguir fiz um balanço nas finanças e decidi com minha esposa montar nossa própria farmácia que era uma aspiração antiga e cuja possibilidade já especulávamos desde algum tempo. Os resultados mostravam-se animadores deixando-nos com a impressão de termos decidido acertadamente pois a completar um ano de atividade, com estoque sempre atualizado, contabilizávamos faturamentos sempre crescentes. Foi então que um 'velho amigo' resolveu nos importunar mais uma vez: ameaçadoramente o rio piratini começou a encher e transbordar. Suas águas já invadiam as ruas centrais da vizinha cidade de Cerrito e a chuva continuava copiosa. Assustamo-nos. Ressabiado pelas enchentes de 83 e 92, decidi salvar o estoque de mercadorias. Comecei lá pelas dez horas da noite: enchia sacos plásticos com medicamentos, por ordem alfabética, e os colocava no 'fiestinha', transportando-os pra nossa casa que fica na coxilha. Apelar para terceiros nem pensar, pois nessas ocasiões imitamos as formigas: 'cada um carrega seu fardo ou trouxa'. Levava uma carga e vinha buscar outra. No intervalo dava uma controlada nas águas do traiçoeiro rio. Lá pelas três horas da madrugada estava concluída a transferência do estoque, documentos, equipamentos e objetos de uso e utensilhos menores, potencialmente perecíveis nessas situações. Ao amanhecer, em meio a uma multidão que varou a noite observando o avançar das águas, começou a circular a notícia que a chuva havia dado uma trégua nas cabeceiras dos rios Piratini e Santa Maria da Orqueta. Eram informações comunicadas desde as cidades de Piratini e Herval, respectivamente. O dia transcorreu com o rebelde rio 'bufando', mas ainda indeciso. Lá pelas tantas nova informação dava conta que as águas estavam 'recuando'. Entretanto ainda pairava no ar um 'ambiente pesado de enchente': céu muito carregado e um certo 'calor de desconfiar', segundo os mais antigos e experientes citadinos. Aguardamos, assim como a maioria dos demais comerciantes do centro de nossa cidade. No terceiro dia as águas continuaram baixando e isso nos animou a retornar para nossos estabelecimentos comerciais. Afastado o risco de enchente voltamo-nos para reorganizar nossa farmacinha. Atiramo-nos, eu e minha esposa-sócia, 'de corpo e alma' na drogaria, visando recuperar o tempo perdido com a ameaça do velho rio. Desta vez ficara só na 'ameaça', felizmente. Entretanto, e neste instante, acode-me um pensamento um tanto arredio. É como se somente agora eu estivesse a perceber o efeito de 'ducha fria' que aquela ameaça de enchente exerceu sobre os nossos ânimos. No ano seguinte me submeti a uma cirurgia de Hemorróidas que me afastou três dias do serviço. Para nos auxiliar contratamos, por alguns meses, uma senhora experiente no serviço, já aposentada. Nos deu uma idéia de custos, orientando nossa intenção de contratar um empregado . Coincidência ou não, fato é que o estado de coisas já não nos entusiasmava como antes. Uma vez mais decidi trocar opinião com minha esposa. Até pensamos em 'encilhar' o negócio com mais aporte de recursos financeiros. Para tanto ainda tínhamos uma pequena reserva técnica, além da faixa de crédito bancário que nossa firma nunca havia utilizado. Entendíamos que estivéramos a colher os frutos proporcionais ao investimento realizado até então. Doravante, para continuarmos a crescer, imperioso era que efetuássemos novos investimentos na ampliação e modernização da drogaria, tornado-a mais competitiva. Minha esposa não era muito a favor de maiores investimentos. Já trabalhávamos muito, principalmente ela que, paralelamente, ainda administrava nossa casa que não é pequena. Novos investimentos aumentariam o faturamento e também as despesas, pois obrigariam a contratar, permanentemente um funcionário, no mínimo, com todos os custos e encargos sociais legais. E isso não representaria mais lucro nem vantagem de qualquer ordem para nos dois. Eu, como responsável técnico, teria que continuar presente na drogaria, enquanto ela estivesse aberta(às vezes trabalhava até a meia-noite), cerca de quatorze horas diárias. Estava demais, mas de conformidade com a lei. Era o proprietário, conhecia a legislação pertinente. Se não a observasse, moral e eticamente como eu ficaria ante às exigências sanitárias e os consumidores de medicamentos que têm todo o direito de exigir a assistência pelo farmacêutico?. Postas como estavam as coisas, cumpria-nos aguardar ocorresse uma idéia brilhante capaz de iluminar o caminho a seguirmos. Entrementes nosso Guarda-Livros informa-nos que uma chamada 'operação pente-fino', da Secretaria Fazendária Estadual, tinha autuado todas as farmácias da região. Fôramos 'contemplados' com uma multa de cerca de dez mil reais, por conta de notas de vendas à vista eventualmente não tiradas. Se pagos no prazo estipulado ficaria pela metade. Ora vejam!, considerei a tal multa um verdadeiro 'achaque' contra quem ainda trabalha e produz. Isto por que já recolhíamos o Imposto sobre vendas presumíveis calculado sobre o total da fatura-fiscal quando a mercadoria encomendada saía do depósito das distribuidoras. Outra modalidade fora a 'indústria do lacre' nas placas dos automóveis. Funcionava assim: um funcionário estadual, ou até um 'flanelinha', aproveitava um 'pestanejo' no trânsito ou estacionamento e rompia o lacre da placa com o alicate. A seguir o veículo era autuado e o proprietário intimado a recolocar o lacre. Todos procedimentos que rendiam recursos que financiavam programas e campanhas políticas espúrias. Essas e outras arbitrariedades cometidas contra o cidadão que trabalha para poder gerar alguma renda e tributos, acabam por 'esfriar' e desencorajar muitos pequenos e mesmo médios empreendedores. Era inevitável que acontecesse conosco também. A par de todo o apoio que nosso filho nos oferecia, mesmo à distância, não nos achamos no dever de resistir e continuar investindo no setor farmacêutico. A regularização de uma pequena drogaria exige um longo, complicado, cansativo e dispendioso processo burocrático, a nível municipal, estadual e federal. Quando o proprietário é o próprio farmacêutico ele não paga Responsável Técnico mas também dificilmente consegue fazer 'retiradas' equivalentes ao que receberia como tal, na condição de empregado. É ainda o farmacêutico que paga todas as taxas de suas entidades de classe e as da empresa de que participa, quando sócio ou proprietário. Em conseqüência são raros os profissionais bem sucedidos no ramo de comércio farmacêutico. Serão decerto os mesmos cujos pais lhe propiciaram estudar em Escolas Particulares e que ao findarem o Curso de Farmácia lhes regalam com uma farmácia ou drogaria, montada a preceito para tornar-se competitiva, num mercado onde existe em média o dobro de estabelecimentos necessários para atender as necessidades da população( dados da O.M.S. veiculadas na mídia). A maioria das grandes redes de drogarias ou farmácias não são propriedade de farmacêuticos. Nesse ramo existem empresários inescrupulosos cujos procedimentos podem ir desde a comercialização de mercadoria sem procedência(raramente caminhões com medicamentos roubados são recuperados) até a produção fraudulenta de remédios para doenças raras. Infelizmente não posso ignorar que existem farmacêuticos envolvidos em transações excusas. Creio tratar-se de uma porção minoritária. Posso asseverar que estou achando muito difícil ser profissional honesto em qualquer ramo de atividade em nosso País hoje. Todos esses acontecimentos contribuíram para o esfriamento de nossos ânimos com a 'farmacinha'. Some-se a eles o fato de minha esposa ter recebido a carta de aposentadoria por idade. Eu já estava aposentado por tempo de serviço a mais de uma década. Com a aposentadoria dela deveríamos repensar nossa existência futura. Sabíamos que não era muito simples transferir o empreendimento. Continuaríamos até quando fosse possível e Deus decidisse. Os impostos e as taxas públicas recrudesciam. Em dado momento o faturamento estagnou. Aluguel e serviços bancários dispararam. Grande prejuízo em medicamentos éticos cujo prazo de validade esgotara por falta de receituário médico. As farmácias maiores, mais antigas e sólidas resistiriam. Nosso município, agora empobrecido, havia perdido a capacidade de atrair e reter médicos especialistas e seus respectivos receituários. A manutenção de estoques mostrava-se onerosa. Alguns fregueses tradicionais transferiram-se para outras cidades com mais recursos. Muitos dos que permaneceram na cidade são aposentados. Estes costumam comprar no crediário e às vezes se tornam inadimplentes. Se apertar a cobrança migram para outro estabelecimento com mais fôlego, ou se socorrem na Justiça que estabelece normas rígidas de cobrança contra os comerciantes. E éramos ainda 'aprendizes' de comerciantes, mesmo que na idade sejamos vovôs. Enfrentávamos todas estas adversidades e mais a limitação da saúde que já nos fazia claudicantes. Minha esposa, que traumatizara um joelho quando mais jovem, sofria agora de artrose. Eu, em conseqüência dos traumatismos sofridos no braço direito- já relatados anteriormente- passei a padecer de artrose de cotovelo. Ainda assim reagimos e contratamos uma administradora de Cartão de Crédito que já começava a dar sinais promissores quando surgiu um interessado em nos comprar a 'farmacinha'. Não a vendemos imediatamente. Conjeturamos durante algum tempo. Em dado momento a razão se manifestou mais fortemente e decidimos nos desfazer de nosso empreendimento. Transferimo-lo para um outro farmacêutico e seu sócio, ambos jovens e dinâmicos empreendedores, com recursos financeiros e fôlego que a atividade requer. Estão satisfeitos e continuam investindo no negócio. Havíamos desempenhado por quase sete longos anos como empresários farmacêuticos. Durante esse tempo descuidáramos até de nosso único filho, quando nos vinha ver. Na seqüência cuidaríamos de nossa saúde. Minha esposa se reprogramou e agora divide seu tempo com nossa casa, e as Artes Plásticas nas horas de folga. Eu reassumi a Responsabilidade técnica pela Farmácia Interna da Santa Casa local, pela qual já havia respondido durante um quarto de século, antes de assumir a nossa. Nas folgas faço longas caminhadas, aparo grama, capino o quintal, trato alguma fruteira e, óbvio, leio um pouco e anoto algumas memórias e idéias que despacito se vão esfumando. Aguardamos a idade apropriada para nos submeter a cirurgias de implante de próteses. Pessoalmente experimento saudosas recordações da 'farmacinha' e dos muitos amigos que me honravam com suas preferências para orientá-los em algum assunto profissional. Alguns deles vez que outra ainda me dão e pedem atenção. A grande vantagem é que agora quando nosso amado filho nos vem visitar podemos lhe dedicar todo o tempo do mundo, graças ao Onipotente Criador.

terça-feira, 18 de maio de 2010

O MICRO E O MACROCOSMO.

  • Ufa!, finalmente consegui desembaraçar-me da audaciosa 'investigação do insondável'. Através dessa forma de divagação procurei esboçar um tanto discretamente a performance de grande parte de minha experiência como ser humano. Mais precisamente como Microcosmo em face ao intrincado e incomensurável Macrocosmo. Revendo minhas memórias desde aquelas referentes à infância marcada por cenas e atos rudimentares, nas Estradas de Belém, não pude deixar de me identificar no papel de integrante na formação do grupo familiar que estava contribuindo, naquelas circunstâncias, para um futuro bem mais abrangente da sociedade brasileira, a qual por sua vez viria a influenciar na esfera mundial. Dias virão em que serão amplamente difundidas as noções de que cada um ser humano consciente constitui, na realidade, a 'unidade funcional fundamental cósmica'. Já o é em nossos dias atuais, decerto. Entretanto os inúmeros interesses de ordem política, social e econômica não encorajam muitos inescrupulosos e despreparados líderes da humanidade a reconhecer e fazer difundir a importância do ser humano bem estruturado na harmonia planetária e cósmica. Algumas nações mais habilidosas enriqueceram ao explorar com sucesso outras mais novas e menos experientes. Assim transformaram-se em potências econômicas, políticas e militares. São esaas mesmas que desde a algumas décadas vêm sustentando bilionários programas de exploração do espaço inter-planetário, em renhida competição na busca do domínio espacial. Um dos objetivos dessa demanda, alegam, seria encontrar planetas cujas condições possam permitir a vida humana se perpetuar quando as Terrenas se tiverem exaurido. Nosso satélite natural, a Lua, já foi descartado quando se lhe diagnosticaram falta de tais condições. O objetivo agora está focado em Marte. Em alguns decênios, poderá ser Júpiter, Saturno ou Netuno o planeta investigado para hospedar o industrioso, irreverente e inconseqüente Homo sapiens hodierno. Caminha assim nossa humanidade. Muitas regiões de nossa Terra são desertas, outras assim estão injustificavelmente. Haja vista em grande parte do território de Israel, e principalmente dos Países Baixos, cujas costas marítimas foram transformadas em férteis áreas agrícolas. Nosso Brasil não ficou atrás na prática de aterrar o mar. A bela 'cidade maravilhosa' do Rio de Janeiro tem aproximadamente um quinto de sua área urbana ganha ao mar, através de aterros. Diferentemente, porém, ali preferiu-se 'plantar' edifícios de apartamentos visando a exploração imobiliária, com o conseqüente aumento da capacidade de fixação humana na orla marítima. Assim fica mais fácil lançar dejetos e contaminar com lixo a matriz fluida cujo seio nutriu a primeira molécula orgânica- constituinte do primordial 'trilobita', da era Paleozóica, referida por notáveis cientistas evolucionistas- que por sucessivas metamorfoses teria originado o 'Homo sapiens' que hoje a agride impiedosa e quase impunemente, pelo menos por enquanto. Mas, creio, é questão de tempo. As leis da Natureza são inflexíveis, tardam mas não falham. Quem viver verá!. E verificará a dimensão do equívoco humano que, ainda sem conhecer a plenitude do mar onde originou sua vida, ousa aventurar-se agora no espaço cósmico, buscando um outro planeta capaz de o hospedar e, como recompensa, vir no futuro sofrer a destruição, a exemplo do que vem hoje ocorrendo com nossa mãe Terra. Fato esse que está tirando o sossego de muitos 'terráqueos'. Entre esses me encontro!. E quase sem perceber, me enredava em novas divagações, quando , 'en passant', abordei a contaminação por dejetos que costumamos lançar na orla marítima. Este fato mexeu com restos de memória dos anos em que eu realizava análises clínicas. Recordei da Parasitologia Clínica. Particularmente do Exame Coprológico como é conhecido, no âmbito profissional, o exame de fezes. Por sinal um exame muito valioso para o interessado, atento e experiente Clínico que no laudo certamente saberá decifrar informações indicativas de normalidade ou de irregularidade na saúde do indivíduo. Com freqüência o médico requisita esse exame com o fito de orientar-se, ou como auxiliar na elucidação da queixa manifestada pelo paciente. Para isto é imperioso que o Laudo laboratorial seja confiável. E criterioso. Em nosso laboratório eu costumava enfatizar que o 'exame começava com a orientação para obter a amostra do material a ser examinado, e terminava no momento em que o resultado era entregue ao paciente'. Assim as instruções oferecidas ao candidato deviam ser muito claras e seguidas à risca. Por vezes diante da aparente dúvida por parte do paciente, eu questionava se me havia feito entender. Era freqüente pedir que repetissem os pontos considerados obscuros, que alegavam não entender nas instruções verbais, e mesmo nas escritas. Creio que alguns até deixaram de realizar exames comigo por julgarem-me demasiado impertinente até com 'um simples exame de fezes'. Pode parecer simples mas requer certos cuidados, perícia e até discrição. Como justificar, por exemplo, a presença de espermatozóides em material escatológico. Era imprescindível conseguir outra amostra com todos os cuidados exigíveis para não haver contaminação na coleta. Deste modo podia-se evitar até constrangimentos, naqueles dias. Era norma no nosso serviço. Minha esposa adotou tal costume e secundava-me nos procedimentos, desde o agendamento, recepção das amostras com identificação rigorosa, exame qualitativo e preparação das mesmas para eu realizar a microscopia, e finalmente o 'rascunho' dos Laudos pertinentes. Meu filho, já referi, datilografava o resultado dos ditos cujos e os encaminhava ao meu crivo e assinatura, se estivesse de acordo. Às vezes eu rejeitava alguma letra batida em cima de outra e inutilizava o trabalho, requerendo outro resultado sem rasuras. Não era raro determinado resultado chamar minha atenção. Neste caso eu repetia o exame, ou então solicitava ao paciente a gentileza de comparecer com nova amostra. Com freqüência não o faziam sorrindo. Algum até desvirtuava minha atitude, julgando tratar-se de negligência profissional. E isto que, por vezes, ao agitar o tubo de ensaio para homogeneizar o material respingava gotículas em meu avental, e até no meu bigode que, por coincidência, também era de cor castanho!. Noutras oportunidades eu acabava 'desopilando' minha frustração com a esposa ou com o filho que no geral, nada tinham a ver com a responsabilidade profissional que era apanágio meu. Outras vezes, ante a 'pressão' do doente ou seu familiar, o médico solicitava uma série de exames e condicionava seu veredicto ao recebimento dos resultados dos exames. A minha responsabilidade então aumentava e as cobranças também. Foram vários anos sob esse clima de tensão. Para agravar o Instituto(I.N.A.M.P.S.) começou a pagar cada vez menos pelos procedimentos e sempre com abusivos atrasos. Por essa época meu filho já se determinava. Cursava a Escola Técnica, à noite, em Pelotas. Nas folgas dos afazeres escolares e do Laboratório, praticava violão para o qual revelou talento desde a primeira lição. Num belo dia informou-nos que não iria trabalhar mais conosco no Laboratório. Não queria a Área da Saúde. Abraçaria a de Comunicações. Começou a mexer com radio-difusão na emissora local e depois na cidade de Rio Grande. Intensificou seu interesse pelo violão e a música gauchesca. Teve algumas aulas de violão solo que o credenciaram a fazer um 'recital' com músicas clássicas incluindo F. Lizst, E. Nazareth e outros que a memória não resgata. Participava, também, em Festivais de Música Nativa, apoiado pelo CTG da Escola Técnica. Juntamente com os amigos e colegas Danúbio, Fabian e Pedro Umberto formaram o conjunto 'CIO DA TERRA' que participou de vários eventos nativistas de nossa micro-região. Paralelamente com essas ocupações, concluiu o curso técnico de Eletrônica e decidiu prestar serviço militar na Aeronáutica, em Santa Maria. Desfez-se o 'Cio da Terra'. Nas folgas da caserna visitava-nos e matávamos saudade de quando saíamos a passear nos feriados e fins-de-semana em que não trabalhávamos. Apreciava tomar banhos no 'passo novo', rio Piratini, em cujas margens, à sombra de frondosas e copadas guabirobeiras saboreávamos 'macanudos' churrascos. Algumas vezes explorávamos a zona rural do município, principalmente o Cerrito, que à época, ainda pertencia ao município de Pedro Osório. Foi numa dessas oportunidades que decidimos subir até o alto do morro 'Cerro Pelado', marco geográfico histórico do município e da região, onde estão instaladas antenas de TV e de onde tem-se uma bela visão panorâmica da planície e do aglomerado urbano Cerrito/Pedro Osório dividido em dois núcleos pelo rio Piratiní que ainda conservava, em parte de suas margens, restos de vegetação ciliar e alguns raros exemplares de mata nativa. Na descida do morro- por uma acanhada estradinha 'carreteira', cuidadosamente pra não sacrificar a suspensão do nosso feroz Passat 1.8, de cor 'azul-copa', modelo 1.984- um inusitado fato aconteceu: uma codorniz se assustou e alçou um vôo rasante indo se chocar com o fio da cerca próxima, lateral a 'carreteira'. Estacionei o 'feroz' e fui conferir. Encontrei o pássaro morto. Havia se degolado no fio de arame. Possivelmente se assustou com a presença do nosso Passat que tinha fama de 'venenoso'. Concluímos que se esquivou do carro mas descuidou da cerca. Admitamos que até os bichos têm uma hora boba. Proponho-me a associar esse pequeno incidente, não devido ao acaso, mas a fatalidade ante a Lei das Probabilidades. Quando moleque, ainda na 'campanha', assisti várias codornizes se enforcarem em laçadas de linha de pescar estrategicamente armadas, pelo irmão mestre-padeiro, em portinholas abertas a certos intervalos em pequenos 'cercados' tramados com 'caniços' de taquara e alecrim. Depois espalhava-se alguns grãos de cereais, inclusive próximo às laçadas; aguardava-se a 'penosinha' aproximar-se e, no momento exato em que ela pisava a laçada a enxotávamos. Ela tentava alçar vôo e o 'enforcamento' era mais comum do que se possa imaginar. Esse método nos rendeu várias 'passarinhadas', quase sempre que nossa Santa Mãe velha estava ausente com nossas irmãs. Coisas do 'mundinho' 'guri', microcosmo infantil que o 'macrocosmo' adulto, que não vivenciou, não podia entender nem aceitar naqueles dias cada vez mais distantes e já bastante esmaecidos na memória.

terça-feira, 13 de abril de 2010

PERSCRUTANDO O INSONDÁVEL

  • Um critério prático capaz de nos auxiliar na apreciação da conduta humana, qualificando-a do ponto de vista rotulável como boa ou má, constitui fatalmente a identificação do efeito desse procedimento sobre o corpo, emoções e intelecto. Deste modo uma idéia impregnada de melhorias na higiene física, emocional e mental de um indivíduo seria interpretada como um pensamento potencialmente passível, na prática, de tornar-se mais abrangente no corpo da humanidade. Se fosse possível retrocedermos no tempo poderíamos surpreender nossos ancestrais nos dias em que descobriram o elemento fogo. Então, por certo, perceberíamos o desespero, a ânsia e a perplexidade marcando suas atitudes. O desespero com a conservação de uma entidade cuja utilidade sequer podiam imaginar mas que uma espécie de força muito poderosa ordenava fosse preservada a qualquer custo. Vestígios de consciência possivelmente já os animava naqueles tempos primevos. De alguma maneira dizia-lhes que aquele que controlasse o fogo exerceria influência sobre os demais. Muitos rudimentos de moradias devem ter-se transformado em cinzas. Queimaduras e outros acidentes terão ocorrido até conseguirem dominar o elemento ígneo. A ânsia, angustia pela incerteza das conseqüências de dominar aquele elemento dotado de tantas possibilidades de exploração e outros tantos riscos, ainda desconhecidos. Quem o dominasse por certo exerceria poderosa hegemonia sobre aquele que não revelasse tal habilidade. A perplexidade ou dúvida quanto a se valeria a pena e se deveriam continuar correndo os riscos decorrentes do exercício de tal controle. De maneira modesta mas com boa vontade, procurarei construir uma pálida imagem do que poderia transitar na mente rudimentar de nossos ancestrais em gradativa e lenta evolução, habitando em uma Crosta Terrestre ainda se consolidando. O cenário é resultado de fragmentos de memória de antigas aulas sobre Biofísica na UFSM(1966) cujo objetivo era nos auxiliar a entender a teoria da origem da vida sobre nosso planeta. Nos era lembrado, naqueles dias, que o futuro ser humano- mescla ainda amorfa contendo os elementos carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo e enxofre em constante turbilhão de arraste e rolamento, e sob enérgico e permanente açoite da radiação solar- nessas condições básicas e elementares não era capaz de conceber, mesmo que vagamente, uma idéia da configuração de seu futuro descendente e sucessor dalí a milhões de anos. Muito mais tarde essa massa humana( humus=terra) estruturada em ossos, pele e outros órgãos com tecidos diferenciados em células nervosas e uma mente rudimentar, seria contemplada com o sopro anímico espiritual. Desde então, gradativa, lenta e continuamente, esse homem primordial vem sendo excitado em sua espiritualidade . É uma tarefa árdua. Exige dedicação, perseverança, determinação e aplicação inquebrantável nos desígnios da Inteligência Universal. Relativamente ao sopro anímico espiritual, alguns estudiosos o associam à passagem bíblica do Gênesis em que é apresentado na alegoria da criação do homem a partir do barro, no qual, após modelado, o Eterno Criador lhe teria insuflado o Sopro Vital. Os estudiosos de Teosofia o identificam como Atma. Tal alegoria deve incitar nosso intelecto para que possamos haurir algo no estudo do intrincado Sopro Vital. Decerto nos auxiliará a identificar os indivíduos segundo a propensão íntima de cada um para praticar atos que nos agradam ou atos que consideramos perversos. Ou sejam os bons, ou os maus exemplares humanos, respectivamente. O comportamento humano afigura-se-nos um tema da maior relevância. Estando a exigir uma reflexão capaz de nos conduzir aos fatores que podem induzir nosso próximo a ter atitudes consideradas positivas, ou negativas, sendo estas por isso mesmo aceites ou rejeitadas por nos. Tenhamos em mente que somos todos produto do meio em que fomos formados e dele conservamos vestígios. Logo somos naturalmente condicionados a exibí-los de modo um tanto sutil, em relação aos componentes do cenário que nos deu origem, consistência e forma. A consciência no-la dotou a Inteligência Universal. Decerto ainda o faz, aos poucos e diferenciadamente, à medida que exibimos talento para sustentarmos esse sublime atributo. Recebemos educação, trabalhamos, divertimo-nos, amamos. Até mesmo guerreamos. Mas sempre na convivência com nossos semelhantes, como a desempenhar nossa original inclinação gregária. A razão nos oferece a medida de necessidade dessa coexistência se efetivar com os salutares elementos de uma parceria. Mas ela própria, deve ser suscetível de modificações visando satisfazer a crescente carência de harmonia entre os homens. Em especial os indivíduos que ante os reclames do consumismo acabam por se enredar no materialismo que embota a razão, a sensatez e a própria consciência. Estará assim armado o cenário onde até o Livre-arbítrio poderá ter sua manifestação desvirtuada. Através dessa espécie de crivo da consciência, passam necessariamente a maioria das decisões responsáveis por modelar as atitudes do ser humano civilizado. Portanto subsiste em cada um, e em todos nos, efetivamente, o poder de escolha. Sermos bons, ou maus. Termos atitudes agradáveis ou desagradáveis para com nosso parceiro de tão longa e atribulada aventura cósmica. Certamente que as duas opções são dispendiosas. Entretanto haveremos de ponderar que continuar investindo na primeira pode melhorar nossas chances de experimentarmos paz e harmonia interior. Claro que em muitas oportunidades as circunstâncias nos levam a questionar silenciosamente nosso âmago. Basta que alguma coisa não saia de acordo com o nosso projeto de vida e pronto!, já nos questionamos: onde errei?. Qual a causa de sofrermos determinados revezes se não cometemos mal contra ninguém. Às vezes até alegamos, distraidamente, não nos lembrarmos de ter acarretado prejuízos a outrem. O Kardecismo interpreta essa falta de lembrança como mais uma prova de que a Inteligência Universal nos acode sempre. Em muitas ocasiões Ela providencia para esquecermos temporariamente alguns crimes cometidos em outras vidas. Desta maneira não nos assoberba a mente na oportunidade em que nos esforçamos para cumprir outras etapas de nosso aperfeiçoamento. Poupa-nos, por exemplo, do remorso que sentiríamos por recordar ignominiosas atitudes em existências pretéritas. Em momento oportuno seremos chamados a resgatar nossas pendências. Às vezes demora a ponto de as 'esquecermos' . Mas como sentencia o ditado popular: "a Justiça Divina tarda mas não falha". Assim se examinarmos com responsabilidade, e à luz da Lei Natural de "Causa e Conseqüência", perceberemos que o 'fardo' pressionando nossa consciência, em determinadas ocasiões, pode nos parecer menos injusto e por isso mesmo compatível com nossas condições de o suportar. A alegação de não lembrarmos o ter cometido um ato delituoso não nos exime de culpa. Quer esse delito tenha sido cometido contra nosso próximo ou contra nos mesmos, pois falhamos ao descuidar dos deveres de nos esclarecer para podermos esclarecer nossos semelhantes. Estudiosos dignos de consideração asseveram que as três leis que regem os destinos da humanidade estão relacionadas com a Evolução, a Reencarnação e a Conseqüência. Sendo esta a reguladora das duas primeiras. A Inteligência Universal em sua Onipotência dotou os homens, mesmo os mais incultos, com certa dose de noção dessas Leis. Uma das mais difundidas popularmente, mas nem sempre compreendida, reza que "Quem semeia ventos colhe tempestades", é decorrente da Lei da Conseqüência. Ela pode explicar eventuais desarmonias e vicissitudes em nossas vidas. Além disso, convém consideremos que nossa eventual invigilância e até nosso menosprezo pela singela sentença podem se constituir em empecilhos para que percebamos o ensinamento que lhe é transcendente.

terça-feira, 30 de março de 2010

FIOS PRATEADOS

Andava eu lá pelas quarenta e duas primaveras e meu esqueleto já contabilizava oito intervenções cirúrgicas e respectivas anestesias gerais. Mais três viriam nos próximos dois decênios. Já me reportei a elas quando relatei o acidente de automóvel em que fui parcialmente feito em pedaços e que a seguir foram emendados e remendados, satisfatoriamente. A última cirurgia foi uma correção de plexo hemorroidário interno. Esta terá sido a pior de todas. A anestesia foi executada desde a cicatriz umbilical para baixo. Dessa maneira me foi possível perceber e acompanhar a perda progressiva da sensibilidade desde as extremidades dos dedos e pés, atingindo pernas, joelhos e coxas. Quando perdi a sensação dos meus atributos sexuais reclamei ao médico cirurgião. Por aquele preço eu preferia ficar com o desconforto causado pela hemorróida. O competente profissional tranquilizou-me, garantindo que tão logo passasse o efeito anestésico tudo voltaria ao normal. Ufa! Ainda bem! Nunca se sabe o que nos espera no futuro, mesmo já se contando seis décadas de peregrinação nesta existência. Alguns instantes após o procedimento médico, eu gradativamente comecei a recobrar a sensibilidade. E também a experimentar a sensação de felicidade por ainda continuar vivo. Nessa oportunidade fiz uma breve retrospectiva e não consegui recordar de já ter vivenciado semelhante sensação nos pós-operatórios anteriores. Deveria existir uma explicação para tais sensações. Longe de pretensões doutrinárias, mas sempre fiel às emanações da consciência, associei a impressão de harmonia haurida naquela oportunidade ao fato de eu andar incursionando na doutrina espírita. A leitura de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, estaria esboçando os primeiros sinais da consciência espiritual sendo despertada, num esqueleto cuja cabeça outrora garbosa por ostentar uma “melena ruana”, agora se inclinando, flagrantemente, ante o peso dos ainda remanescentes “fios de prata”, em franca decadência. Este fenômeno muito conhecido como calvície não é totalmente estranho em minha família. Recordo que minha mãe, quando em idade já avançada, também mostrava sinais dele, embora seja mais comum no sexo masculino. Várias teorias tentam explicar a queda dos cabelos: Hereditariedade, uso prolongado de alguns medicamentos, alimentação cárnea abusivamente gordurosa, uso de sabonetes ou xampus inadequados, águas excessivamente cloradas e/ou mineralizadas, fatores associados ao hormônio sexual testosterona, e perturbações no psiquismo do indivíduo. Especula-se que banhos com água muito quente e demorados, também podem facilitar a queda capilar. Por meu turno, faço o mea culpa, assumindo a responsabilidade por praticar uma parcela de todos esses fatores. E mais algum que nossa vã filosofia ainda não conseguiu comprovar ou catalogar com alguma segurança. Os cabelos certamente são muito importantes, do contrário a mãe-natureza não no-los teria legado como dote, já antes de nascermos. Mais importantes do que esses, contudo, devemos considerar os “fios de prata” que muitos eruditos espíritas conhecem como “Cordões de Prata”. Definidos como apêndices energéticos que interligam o corpo sutil, psicossoma, ou perispírito, ao corpo físico. Desta sucinta noção de anatomia invisível aos olhos da maioria, inclino-me, atrevidamente, a deduzir que, ao fim e cabo, qualquer fator que possa interferir na harmonia dos nobres “'cordões de prata” poderá ser responsável também pela calvície. Esta por sua vez não deve ser entendida como de todo abominável. Antes convém lhe analisemos os estigmas. Se por um lado descaracteriza nossa estampa crânio-facial, por outro nos pode remeter a uma profunda reflexão íntima capaz de influenciar em nossa razão e maneira de nos conduzir frente às vicissitudes da existência. Esta conclusão certamente que reflete também parte de minhas ciosas lucubrações. Jamais será de todo dispensável o joeirarmos essas asserções, pois não temos poder nem pretensão de reter a verdade, mas tão somente nos é dado perscrutar alguns sinais que podem apontar o caminho que conduz a ela. Assim se este enfoque conseguir atingir a consciência de algum leitor, estará contemplando-me com subsídios capazes de fazerem imaginar-me tenha sido inspirado pela Infinita Hierarquia Espiritual Universal que sutilmente nos impele a trabalhar para a elevação da condição humana.

segunda-feira, 15 de março de 2010

DIREITOS HUMANOS

Vem dos tempos de minha juventude as primícias de perspicácia a excitarem minha reflexão. Desde então só fez aumentar minha indignação face ao modo como são tratados os Direitos Humanos. Oportuno lembrarmos a consciência. Sempre ela, está por trás das atitudes humanas ao longo de nosso peregrinar neste orbe. Sendo a primeira faculdade que se nos manifesta já nos mais tenros anos de idade, deveria ser alvo de permanente, criterioso e rígido programa de ensino e treinamento inserido em nossa educação. Com tal processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança, e do humano em geral, teríamos melhor integração individual e social. Decorre daí não só o Direito mas o binômio Direito/Dever que passará a condicionar as atitudes do homem durante toda sua vida. Pleitear direitos pressupõe necessariamente reconhecer deveres. E vice-versa, pelo menos em uma sociedade estruturada com base na "justiça" que é a faculdade de julgar segundo o direito e melhor consciência( cfme.o "Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa"). Nesta repousam certamente os alicerces da estrutura social de um povo. Daí a importância desse atributo e a necessidade de seu constante aprimoramento e ajuste à luz das circunstâncias seculares que envolvem a humanidade. Uma nação é constituída por um agrupamento humano mais ou menos numeroso, cujos membros, fixados num território, comungam laços históricos, culturais, econômicos e lingüísticos. O conjunto de indivíduos que falam o mesmo idioma, têm os mesmos costumes e idênticos hábitos, afinidade de interesses e uma história e tradições comuns constitui um povo. Para que este progrida e avance em face das suas próprias necessidades e no contexto das demais nações foram criadas as leis. Estas constituem normas ou regras de direitos ditadas pela autoridade estatal e tornadas obrigatórias para manter a ordem e assegurar o desenvolvimento numa comunidade. Essas regras de direitos, teoricamente, têm o mesmo valor seja para a população em geral ou para os seus representantes legais. Não estão previstas regalias pois todos são tidos como "iguais perante a lei". Na prática, aos poucos tais dispositivos legais acabam sofrendo emendas capazes de lhes modificar a redação e corromper-lhe o caráter original. Entre nos se tornou costume a introdução de emendas nas leis para restringir-lhes o alcance ou cerciar-lhes a eficiência. Os legisladores através das entrelinhas conseguem muitas vezes lograr vantagens legais pessoais, e para seus correligionários, que maioria das vezes, são da família. A corrupção é cosmopolita mas com impunidade de prevalência nos Países classificados como subdesenvolvidos. Infelizmente não estamos vacinados. Afigura-se-nos imperioso adquiramos consciência e fiquemos atentos para depararmos com situações que revelam adulteração em relação àquelas ética e moralmente aceites. Às vezes os sinais de corrupção se mostram de tal modo disfarçados que nos induzem a dúvidas acerca de nossa consciência. Entretanto se estivermos atentos diminuem nossas chances de cometer injustiças com relação a muitas circunstâncias do nosso turbilhonado quotidiano. Com freqüência convivemos com a adulteração das coisas e situações quase sem o perceber. As taxas de cobrança pagas nas contas telefônica, água e esgoto, energia elétrica, plano de saúde complementar, ipva, iptu e outras tantas contas. As taxas de expediente das contas públicas de estatais. A moeda de troco que o garagista argumenta não dispor. O pequeno malabarista dos limões que se precipita na frente de nosso carro mal cambiou o sinal e que fica xingando no trânsito quando o valor da moeda é muito baixo. A má vontade de muitos funcionários públicos, e mesmo de empresas privadas, em oferecer informações aos idosos e despreparados para conviver com a moderna tecnologia da mídia. Aliás esta é uma das grandes responsáveis pelo recrudescimento dos assaltos e roubos. Não sou contra a modernização se racional. Informatizaram a sociedade com a extinção maciça de postos de trabalho. Muitos desempregados que não conseguiram nova colocação formal partiram para o 'tudo ou nada'. Bem treinados, preparados e adestrados nos antigos empregos; encorajados pelas brandas e confusas leis que garantem impunidades ou penas leves, foram estruturar o crime organizado que rouba milhões nas empresas públicas, privadas e população em geral. Raramente algum desses criminosos é trancafiado devido o poder de subornar os policiais. Quando estes são honestos, com freqüência acabam sendo desmoralizados e ainda ficam 'marcados', graças às brechas legais que mandam soltar os meliantes eventualmente presos. E as penitenciárias sem um mínimo de condição para reeducar e reconduzir o criminoso ao digno convívio na sociedade por ele agredida. Esta que é obrigada a receber aquele, agora, com novos vícios incorporados no convívio com outros reclusos nas superlotadas cadeias cujas condições desumanas são mostradas diária e repetitivamente pela tevê. Neste ponto reside minha maior inquietude. Como posso entender e aceitar o pleito de quem foi condenado por cometer crime contra cidadãos ordeiros, inofensivos trabalhadores, geradores de riquezas e tributos que vão sustentar a máquina pública com todos os seus servidores cheios de favores e regalias. Já acudiu a iniciativa dessas respeitáveis entidades que lidam com estatísticas investigar, com seriedade, para apurar o percentual de vítimas da iniciativa privada comparada com as do poder público. Desconheço tal enquete. Se ela existe, qual motivo para seus resultados não serem divulgados com maior eficiência?. Ou não haverá interesse nem da mídia, num assunto de tamanha importância para o desprotegido trabalhador que contribui com mais de um terço de seu trabalho com impostos cuja aplicação lhe é vedado fiscalizar. Ou a indiferença decorre do fato de ser sempre o contribuinte da iniciativa privada que compulsoriamente sustenta tudo. Já me reportei ao nosso sistema judiciário. Por sinal muito bem remunerado, se comparado com a iniciativa privada que o sustenta, bem como aos demais Poderes Legislativo e Executivo cujas lisuras são motivos de questionamentos na sociedade. Onde estão os direitos dos verdadeiros trabalhadores brasileiros que carregam esse 'Gigante', suposta e pretenciosamente, rumo ao 'primeiro mundo'. Conhecemos os dirigentes políticos e sabemos quais são seus métodos?. Certamente que não estão de acordo com os verdadeiros Direitos Humanos. Cumpre-nos questionar a quem as autoridades e suas leis querem realmente proteger?: o cidadão que está desarmado, e após uma árdua jornada de trabalho- para gerar quarenta e tantos por cento de impostos- se consegue chegar em sua casa tem que suportar pesadas grades de ferro e outros aparatos de segurança na tentativa de apenas dificultar a ação dos bandidos. Ou a proteção do bandido é mais vantajosa para o sistema?. Haja vista nas depredações impunes de presídios, delegacias e viaturas policiais e outros bens custeados com recursos oriundos dos impostos escorchantes que o trabalhador tem o dever de pagar mas não lhe é conferido o direito de usufruir dos benefícios. Temos ainda a questão dos supostos 'sem terra'. Invadem propriedades reconhecidamente produtivas. Destroem prédios, plantações, avariam máquinas e bloqueiam o trânsito em rodovias pedagiadas. Tudo à luz do dia e sem o mínimo respeito pelas leis e muito menos pelos direitos que elas deveriam conferir.Todos esses crimes são cometidos ao arrepio das leis e com a conivência das autoridades, sempre com o suporte dos recursos gerados pelo suor e sangue dos trabalhadores, na forma de impostos.Até quando suportaremos tal inversão de valores?.