quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

PARA REFLETIR !

Você, respeitável leitor, que vem acompanhando minha performance desde o início do relato destas memórias, certamente terá se questionado até que ponto muitos enfoques podem apresentar resquícios de fatos verossímeis e quantos dos mesmos serão fantasiosos. Não me acode, neste instante, oferecer-lhe argumentos persuasivos mais poderosos do que aquele representado pela própria capacidade perceptiva de sua consciência intuitiva. São modestas reportagens de experiências das quais algumas recordações já se poderiam ter perdido no nevoeiro secular. Certamente que esqueci muitos episódios, o que entendo inevitável. Os outros venho apresentando um tanto resumidamente. E neste aspecto reside, talvez meu maior pecado, creio. Seria deveras afortunado possuir talento mnemônico e escrúpulos vernaculares capazes de me permitir apresentá-lo com maior fidelidade. Alguns episódios foram deliberadamente omitidos. Ora movido pela ausência de pormenores que lhe emprestassem sentido; ora esquecidos por uma espécie de bloqueio psíquico manifestado na intenção de varrer da existência fatos constrangedores e mesmo aviltantes para um humilde exemplar da raça humana. Em quaisquer dos casos tive a preocupação de não permitir que tais defecções venham comprometer a essência do ensaio. Tenho 'pegado leve' , como se costuma dizer, ao referir-me a determinado assunto em relação ao qual tenho posição definida. Penso que é um procedimento que envolve a consciência e esta necessita se adaptar à luz das circunstâncias vigentes. Mas afinal que atributo é esse que, na maioria das vezes, somente os humildes, inocentes, fracos e oprimidos alegam ser por ele bafejado?. Vejamos uma seqüência de fatos que bem podem ilustrar a manifestação desse caráter. A exposição ou semeadura é livre, da minha parte. O julgamento, ou colheita, necessariamente ser-lhe-há da competência. De uma feita, num raro lampejo de sorte, trabalhando em minha drogaria, tive a atenção desviada para o programa que determinada emissora de rádio estava veiculando. Era uma entrevista com o titular do Poder Judiciário local. Não ouvi mas deduzi a pergunta através das palavras com que o representante do ministério público usava como resposta. Reportava-se ao fato de grassar francamente, no seio da sociedade local, uma forte rejeição ao fato de ele se relacionar de maneira tão estreita, quase íntima, com ex-detentos. Algum deles teria sido condenado por crimes bastante graves. A justificativa segundo a autoridade: seu relacionamento com os ex-apenados decorria do fato de os dito-cujos serem cidadãos quites com as leis que os reintegravam a sociedade após terem resgatado sua dívida com a mesma. Além do mais pelo ponto de vista cristão também tinham direito à fraternidade da sociedade. Não continuei a escutar as demais perguntas e respectivas respostas. Arbitrei que as últimas já me bastavam para considerá-las comprometidas com os princípios da moral e da ética, latentes em minha quase septuagenária consciência. Esta, prudentemente, não se permite aceitar esse desfecho judicial, embora reconhecendo-me insuficiente para modificá-lo. É possível que esteja a cometer um crasso equívoco. Se assim for penitencio-me. Mas de que maneira posso enxergar justiça numa situação em que um bandido atenta contra uma família, assassinando um e estigmatizando física e moralmente outros membros da mesma. Família essa, ou o que dela restou, que continuou trabalhando árdua e sofridamente para tocar com alguma dignidade a vida dos que restaram do ignominioso crime. Selvageria não, visto que os selvagens não são dados a essa modalidade de crime, que é apanágio dos cara-pálidas. Os remanescentes, também vítimas, teriam e terão que pagar impostos que, ao fim e cabo, reverterão pra compor o alto salário do meretíssimo e seus colegas de Judiciário. É ainda, do sangue e suor de seus labores que sairá uma parcela que, na forma de tributo, irá financiar o falido, corrupto e imoral sistema que controla a rede carcerária de onde o facínora, depois de alguns meses, às vezes anos, sairá livre e pós-graduado para novas aventuras criminosas. Sempre escudado pelas leis brandas e a impunidade. Isto tudo considerando a hipótese de ir a júri, e se julgado culpado chegar mesmo ao ponto de ser trancafiado. As mordomias prisionais se constituem em fatores atraentes pra muitos que por vezes pra elas retornam em seguida . Alegando não conseguirem emprego devido a suposto preconceito da classe patronal, se envolvem em novos conflitos e retornam para o xilindró onde tem moradia, roupa , alimentação em marmita 'quentinha', além de assistência psicológica que a maioria dos trabalhadores assalariados desconhece. A distorção é de tal ordem que o famoso criminoso narcotraficante, conhecido por 'Fernandinho Beira-mar' que, segundo as "boas línguas", foi capturado e é mantido encarcerado graças a poderosos e escusos interesses, inclusive políticos. Essa "notável personalidade" tem tanta importância para o "sistema" que o 'aparato de segurança' é especialmente REFORÇADO quando ele tem de ser transferido de uma pra outra Prisão de Segurança Máxima. Não sabemos segurança máxima de 'quem'. Da população brasileira que paga a conta não é, certamente. Cada aparatosa transferência- já foram várias, segundo a mídia ordinária- tem um custo muito superior ao da segurança do próprio Presidente Brasileiro, que por sua vez supera amplamente os dispêndios de alguns seus colegas mandatários dos países do Primeiro Mundo, com essa mesma rubrica orçamentária. Alguns detentos fazem cursos e parecem realmente recuperados. Assim quando são libertados conseguem trabalho e reiniciam uma existência digna. Outros meliantes acabam perpetrando novos crimes movidos pela atrativa criação do Salário de Reclusão cujo valor é superior ao do Salário Mínimo Nacional!!!. Ôpa!, mas que país é este em que um criminoso pode ganhar salário de recluso, por não poder trabalhar?. E salário superior ao Salário Mínimo com que se pretende remunerar as vítimas e seus dependentes, as quais, com seus sacrifícios, estão pagando para aquele fazer curso de aprimoramento em bandidagem. Verdadeiras Mordomias são exigidas a custa da depredação dos presídios e patrimônio público, acintosa e impunemente, como se propriedade pessoal do detento fosse. Onde estão as colônias-penais em que os apenados poderiam se ocupar trabalhando e produzindo o que consomem e até vendendo seus produtos para a sociedade que lesaram, recebendo dessa uma remuneração dignificante e compatível. Em vez de ficarem se ' reciclando' no crime dentro das imundas cadeias públicas que fazem recordar as sórdidas masmorras da idade média. Das quais o indivíduo certamente saí pior do que quando nela ingressou!. E quando saí, geralmente portando doença infecto-contagiosa, se candidata a paciente do SUS, entidade sustentada arbitrária e covardemente com os recursos arrecadados compulsoriamente dos associados , e abstraídos criminosamente dos aposentados que por anos a fio contribuíram com valores mais elevados, na expectativa de um dia virem a ter uma velhice mais tranqüila, inclusive com plano de saúde que lhes possa assegurar atendimento, no mínimo mais digno. Na prática verifica-se que muitos cidadãos contribuintes estão reduzidos a injusta situação de igualdade com muitos de seus algozes. Resultado: vão se juntar também aos criminosos, disputando , como se fosse uma 'esmola', o falido serviço público de saúde brasileiro. Antigamente o Ministério da Saúde mantinha a assistência social. Depois fundiram todos os 'iapês'(IAPC, IAPB, IAPFESP, IAPTEC, IAPI, etc) que davam lucro, num único a que denominaram INPS , o qual agora só arrecada. Coube ao agora SUS a tarefa de 'ministrar' saúde a quem paga por si e pelos marginais de que me referi antes. É O BRASIL, PAÍS DE TODOS! (principalmente dos INJUSTIÇADOS, que arcam com o ônus cobrado impunemente pelos DESONESTOS). Neste ponto sou tentado a confessar saudade do governo militar, em que o trabalhador era respeitado e a bandidagem não tinha muita folga. Será que a tão execrada ditadura militar realmente vitimou( entre 1964/83) tantos brasileiros quantos são os trucidados na violência do trânsito e nas favelas e ruas das grandes cidades pelo crime dito organizado?. Ou seria um pretexto para se instalar uma ditadura de esquerda em nosso País?. Temos direito e dever de questionar a validade de determinados programas sociais, demagogicamente implementados com recursos desviados dos aposentados da iniciativa privada, especialmente do INPS tão supravitário, que embora seja constantemente roubado, não quebrou oficialmente, ainda!. E a tão propalada inclusão social em que os jovens são mostrados pela mídia envolvidos principalmente com capoeira, luta livre, futebol, além de outros esportes populares. Ou praticando artes, dança e música, inclusive clássicas. Um País de dimensões continentais e imensas áreas agriculturáveis não tem o direito de relegar a atividade primária a segundo plano, especialmente quando, segundo a mídia, milhões de brasileiros passam fome. Não entendo também essa reforma no modelo educacional em que muitas vezes o indivíduo mal acabou sua alfabetização, e via ENEM( exame nacional de ensino médio) tem acesso à Universidade, em detrimento de muitos que tiveram que pagar caro para concluir um embasado curso secundário. Minha expectativa é que entre aqueles esteja o PRIMEIRO Prêmio Nobel brasileiro. Vale lembrar que a alguns anos atrás só na Universidade Nacional de Buenos Aires, capital Argentina, eram contados CINCO professores com esse galardão. Não sou do contra. Sou a favor de programas bem fundamentados que não ofereçam margem para manipulação desonesta de verbas públicas. Temos o exemplo bem sucedido do estadão de São Paulo. Há mais de três quartos de século vem investindo parelho em todos os setores, especialmente na educação tecnológica e na produção primária que tem o poder de alimentar o maior parque industrial da América Latina e arrastar o restante da economia brasileira. Com uma área territorial cerca de onze vezes inferior a da Argentina consegue um PIB superior várias vezes ao daquele país. Mas estes dados estão desatualizados. São humildes divagações à guisa de exercício. Futuramente, com mais fôlego, talvez me atreva a alçar vôos mais promissores.

2 comentários:

Pauta Cifrada disse...

Bah... Especial!
Falta à classe política, consciência e honestidade para por na prática, projetos de Estado, e não projetos de governo ou partidários. Não há nada importante que possa se resolver em 4 anos de mandato. Falta os novos eleitos darem continuidade aos bons trabalhos. E não fazem isso por terem vaidade em excesso. Só teremos mudanças favoráveis se os novos parlamentos possuírem maioria de elementos conscientes e proativos. Acredito que a atitude de não reeleger é um avanço nessa direção.

Manoel Magalhães disse...

Ética, amigo. Falta ética. Em sua ausência prolifera a canalhice institucionalizada. Belo trabalho. Virei fã. Abraços.