É possível que muitos professores, assim como vários colegas do Curso de Farmácia,jamais tenham percebido a assimetria entre meus braços, resultante do acidente automobilístico. Fato é que meu braço esquerdo resultou cerca de uma polegada mais curto que o destro. Quanto a funcionalidade era como se um complementasse o outro. A FISIOTERAPIA executada por longo tempo, operou maravilhas, mas não foi capaz de evitar prejuízos funcionais. Esteticamente nunca causou-me maiores aborrecimentos. Possivelmente devido a eu não ser suficientemente vaidoso. Nas aulas práticas tive sempre por parceiros colegas que não mediam esforços para que eu me sentisse à vontade. Destarte eu alternava minha participação como 'municiador' de materiais e reagentes necessários às práticas; em outras oportunidades eu tomava notas dos procedimentos e observações para a posterior elaboração do relatório, em conjunto com os demais do grupo. Entre os colegas com quem trabalhei em equipe ainda recordo dos amigos Dácio Moraes, Agueda Maria Brum, Alcides Cunha, Arno Bohrer, Celeste Marina Garcia, Ciro Ropke, Débora Cabral, Dilma Caetano, Elaine Fernandes, Elemar Rameyer, Eloá Diehl e mais alguns que a memória sonega, mas que inegável e decidamente contribuíram para que meu aproveitamento fosse considerado satisfatório e me permitisse colar grau junto com eles. A todos sou muito grato, e experimento grande alegria quando nos reencontramos ou quando 'virtualmente' nos comunicamos via internete. Também aos antigos ex-colegas propagandistas-vendedores devo grande parcela de apoio. Poucos reencontrei depois de formado. Alguns ainda trabalham, embora aposentados. Aldo Vianna, Jari Machado, Osvaldo Alfaia(já falecido),Roberto Waucher e muitos outros que perdi de vista e memória devido às próprias circuntâncias da existência. Aos farmacistas Osvaldo Santos Cerezer, Sadi R.Silva, Dirceu Nogueira, Pedro Machado e os irmãos farmacistas e farmacêuticos Arioly e Arany Barcelos também devo uma cota de reconhecimento e gratidão. Que a Inteligência Universal a todos conceda Paz, Harmonia e muita Luz, onde quer que se encontrem. Feitas essas tão necessárias e 'salutares reparações e tardias justiças' vou tentar rememorar a situação em que me encontrava logo após a formatura. Primeiramente solicitei perícia médica no I.N.P.S. Atendeu-me o Dr.IVAN MARQUES DA ROCHA, grande amigo e conhecido ainda do Cacequi, onde iniciara como médico-clínico. Informou que embora eu acusasse recuperação satisfatória, era temerário voltar a trabalhar dependente do automóvel.O mais aconselhável era a empresa à qual eu ainda estava vinculado me reciclar e aproveitar em outro setor com menor risco. Outra alternativa era a aposentadoria por INCAPACIDADE FÍSICA. Neste caso eu não mais poderia trabalhar com registro em carteira do M.T.P.S.. Surpreendí-o com a informação que estava formado em Farmácia, e pretendia me estabelecer com Laboratório de Análises Clínicas. Sendo ele também Advogado, argumentou que era um direito meu a aposentadoria, após cinco anos em auxílio-doença. Era muito importante eu ponderar a decisão de não aceitar o carimbo de 'APOSENTADO POR INVALIDEZ' na Carteira de Trabalho. Conhecia-me há muitos anos, desde balconista de drogaria no Cacequi. Depois como propagandista-vendedor. Como Farmacêutico-bioquímico imaginava que eu enfrentaria desafios ainda não avaliados. Era surpreedente e a primeira vez que alguém solicitava cancelamento do benefício, tendo direito a aposentadoria. Concordei que era um desafio que teria de enfrentar, afinal para isso estudara e me preparara. Quanto ao Benefício, serviria para outro. Me fora de importância decisiva naqueles cinco anos. Graças a competência dele e de sua equipe eu pude me reciclar para exercer com dignidade outra profissão. Serei eternamente grato a ele e ao Dr.Isidoro Lima Garcia Filho. Que Deus os ilumine e guie. Liberado do INPS, me apresentei na empresa da qual era empregado. Alegaram que no momento não existia nenhuma vaga a ser preenchida e assim a solução seria a recisão do contrato com a respectiva SAÍDA na carteira profissional do MTPS. A carteira da nova profissão emitida pelo CRF.RS ainda não fora recebida. Desligado da dita empresa, recebi uns restos de direitos trabalhistas atrasados e a autorização pra sacar o Saldo do FGTS. Com esse recurso somado ao valor percebido durante os meses que trabalhara no Hospital Brasilina Terra,em Tupanciretã e mais umas economias de poupança, consegui dar a PARCELA DE ENTRADA no pagamento dos aparelhos, reagentes e equipamentos que iriam estruturar o futuro 'LABORATÓRIO COELHO - ANÁLISES E PESQUISAS CLÍNICAS'. Este seria montado na cidade de Pedro Osório, por decisão influenciada pelo antigo amigo Mestre-boticário, nosso conhecido lá do Cacequi. Quando lhe fui 'levar em mãos' o Convite de Formatura, acabou por me persuadir a instalar-me naquela cidade, então promissora, na década de 70. Mais tarde as sucessivas enchentes do rio piratini modificariam as espectativas, obrigando muitos habitantes a buscar outras cidades. Outro fator responsável pela estagnação do município foi a desativação do transporte ferroviário de passageiros e também o fechamento da DORBRÁS, fábrica de dormentes de concreto, que operava na cidade. Na verdade, eu pensava em ir para o eixo Rio-São Paulo onde o parque industrial farmacêutico era e é cada vez mais desenvolvido. Entretanto depois que meu amigo, conhecedor de minhas potencialidades, acenou com muito boas possibilidades de progresso profissional, repensei e decidi me estabelecer na cidade dele. Pesou na minha decisão também, a opinião de outro amigo, o professor Dr. CLODOMIRO BERTOLDO, farmacêutico, meu orientador no estágio, com o qual discuti o assunto. Este fez-me ver as dificuldades que eu enfrentaria naquela região praticamente desconhecida, com familia e filho pequenos e já acostumados à calma sulina. Antes de efetivar a transferência para Pedro Osório, ainda surgiram outras cidades. Não despertou meu interesse devido a eu estar já comprometido com aquela. Não podia desapontar um tão caro amigo, agora empenhado em dotar com serviços médicos e para-médicos qualificados, para satisfazer a crescente demanda na sua cidade. Esta transformada em 'canteiro-de-obras', onde trabalhavam três das grandes construtoras de estradas, movidas pelos recursos que o governo investia, estrategicamente, naqueles anos da ditadura militar. Tempos em que a liberdade era duramente cerceada. Mas também eram tempos em que não havia(ou não éramos informados devido a mordaça na imprensa) o desrespeito com o cidadão trabalhador. A violência da repressão não fazia tantas vítimas como as que são feitas,hoje, em todos os quadrantes de nosso País, RESPALDADA pela DEMAGÓGICA DEMOCRACIA POPULISTA DO VOTO 'OBRIGATÓRIO'. Não desejo o retorno do 'tacão-militar' mas também não se pode ignorar o 'morticínio' promovido pelo 'crime organizado', principalmente nos grandes centros. Perpetrado por destemor às leis brandas e encorajado pela certeza da possível impunidade. Até por que as autoridades que deveriam legislar e fazer cumprir as leis são, no mais das vezes, os maiores corruptores das mesmas. A par desse sentimento, ocorre-me que a ousadia que moveu-me naqueles dias de 1976, nem de longe se compara com a que precisanos ter para continuar levando com dignidade a nossa vida e de nossa família na atualidade. Chego mesmo a pensar no tal de 'kaliuga' que os esotéricos e gnósticos reportam como sendo a era das transformações sociais. Outras vezes dirijo minhas atenção e vigilância para o complexo turbilhonar cósmico e suas conseqüências sôbre nosso belo Planeta e seus 'desajustados passageiros'.
sábado, 5 de dezembro de 2009
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Um comentário:
Excelente retórica... Capaz de convencer incautos à reflexão e imperativa atitude de mudança!
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