Por muitos anos e em inúmeras oportunidades me encontrei às voltas com questões relevantes para a sobrevivência e progresso meu e, por extensão, de minha família. Vale dizer que um dos mais antigos problemas do homem, o Livre-arbítrio e a Predestinação, massacravam determinadas porções de meu cérebro, suscetíveis de serem educadas. Obviamente ainda hoje ocorre esse massacre. Ao longo de minhas, quase, sessenta e sete primaveras venho sustentando uma vida de luta entre os ideais impostos pela cultura arduamente amealhada e as paixões ditadas pela biologia. Alguns pensadores entendem que "o homem não pode mudar sua natureza biológica pela vontade. Todas as realizações de um indivíduo por sua própria força, não podem ser transferidas aos descendentes. Seríamos, por hereditariedade, o produto de nossos ancestrais filogênicos mas não produtos da cultura de nossos pais". Em tal caso a raça humana não poderia, por um esfôrço volitivo, adestrar as partes adormecidas, ou latentes, do cérebro. Outros estudiosos sustentam que apenas pelo exercício a vontade pode chegar até ao atual nível de evolução, e que a raça, e certamente o indivíduo também, avança graças a possibilidade de exercitar este poder. Em meados do século passado um renomado neurologista chamado Tilney afirmou que ''os homens não nascem grandes. As habilidades especiais que os fazem grandes, são todas adquiridas pela força impulsionadora da sua vontade'', assegurava ele.O cérebro de um homem de gênio é suave e redondo na infância. Torna-se o mecanismo infinitamente intrincado que é na velhice, mercê dos pensamentos com que foi cinzelado. O homem, através do Livre-arbítrio, quis, decidiu educá-lo. Teria, talvez maior aptidão do que outros para apreender, mas em última análise, foi sua vontade inquebrantável que lhe sulcou no cérebro aquelas complicadas circunvoluções onde reside o talento. Tilney sentenciou: é o homem quem faz o cérebro, não o cérebro que faz o homem. É a inflexível vontade humana que modela o cérebro animal recebido com o nascimento, e o transforma em cérebro humano. É só com a vontade que lentamente constrói um centro de linguagem e, posteriormente, todas as outras habilidades que o homem acaba por desenvolver. Algumas autoridades entendem que a vontade necessita de outro atributo para se manifestar: o interesse. É este que impulsiona um homem à grandeza, encorajando-o a exercitar sua vontade com a aplicação de sua energia. É o interesse que teria impulsionado eminentes figuras como W.Churchil, F.Roosevelt, Clemenceau, Anatole France, Victor Hugo, Rembrandt, Miguel Angelo, e outros tantos que pautaram suas vidas desde a mais tenra idade até a velhice sempre aguilhoados pela curiosidade, insaciáveis por sabedoria, sequiosos de vida, dotados de uma vontade indômita e vitalidade inexcedível. Certamente que foi também a vontade a responsável por conclusões científicas atabalhoadas, com que por vezes deparamos nos anais da história das Ciências. Assim é que, por vezes, tomamos conhecimento de episódios envolvendo renomado cientista ao qual é atribuída uma conclusão um tanto fantasiosa. Tal é o caso do cientista Robert Hooke secretário da Royal Society a quem era, no século XVI, atribuída a responsabilidade pelas experiências conduzidas dessa Real Sociedade Londrina. Sua contribuição para as Ciências encontra registro desde o estudo da 'celula', que é um termo cunhado por ele. Seu nome está associado a invenção do microscópio monocular, mais tarde aperfeiçoado pelo gênio inculto do holandez Leeuwenhoek, que possibilitou grandes avanços no estudo da microscopia celular. Hooke publicou um livro intitulado MICROGRAPHIA em que constavam observações microscópicas detalhadas e ilustradas com pranchas artisticamente elaboradas. Estas iam desde células de cortiça e outros vegetais, imagem de uma pulga, o olho composto da mosca, a estrutura do ferrão da abelha e seus pêlos, o movimento de asas dos insetos, cristais de neve, a ponta de uma agulha, até o fio de uma navalha. Analisou fios de cabelo, pelos e filamentos de seda. A par de sua vasta contribuição para a ciência, não lhe faltaram invejosos detratores. Algum até lhe imputou o estudo microscópico de espermatozóides nos quais eram 'identificados' vestígios de 'bigode'. A história oficial não menciona tal fato. Nos congressos estudantis, por vezes o palestrante, a modo de quebrar a monotonia, citava o episódio. Quando faleceu, seu lugar foi ocupado pelo brilhante Sir Isaac Newton que acabou por rapidamente ofuscar o brilho da memória de seu antecessor pelo qual não nutrira amizade. Alguma brincadeira inocente, por vezes, pode ser mal interpretada e levada a sério. Aí vai um exemplo produzido nos já distantes dias de acadêmico de farmácia. A par de minha sisudez, vez que outra, eu 'comprometia' um colega desprecavido. Já referi-me ao jornal 'O Esfregaço' que veiculava muitas 'utilidades' de interesse dos futuros 'boticários' . Entre estas incluía o 'colega Ideal'. Um dos que reunia algumas 'qualidades' era o 'tomador de empréstimos' que jamais resgatava suas dívidas. Faltava a muitas aulas, pedia anotações emprestadas e só as devolvia no dia da prova. Eu e meu amigo Bohrer, a quem dedicarei algumas linhas, costumávamos sentar à frente, na sala-de-aula. Explorávamos melhor o professor. Com o tempo o colega 'puçuca' decidiu sentar atrás de nos para tirar proveito. Nas provas sempre 'colava' de um ou de outro. Fingíamos não perceber. Certa vez, durante uma aula de Genética Química em que o brilhante professor Dr. Romeu Ernesto Riegel discorria sobre a decodificação do DNA e sua estrutura helicoidal, falou da importância da descoberta bioquímica pelos cientistas WATSON & CRICK e relatou breve história sobre os dois. No intervalo ficamos na sala-de-aula ainda 'ocupados' com a história pregressa dos dois cientistas. Fiz ao colega Bohrer 'recordar' que os ditos pesquisadores eram nossos 'conterrâneos'. Um deles fora um 'borracho' inveterado sempre presente no bar da rodoviária de São Vicente do Sul(minha terra natal) e que eu até lhe dera 'carona' alguma vez, quando viajava. O outro, 'CRICK', de ascendência alemã, estava sempre no 'quiosque' da praça central de Santa Cruz do Sul(terra natal do Bohrer) sempre bebendo 'Chopp' e comendo 'salsichas', por isso ele era 'avermelhado'. Com toda essa 'balela' o Bohrer fingia concordar e até 'manifestava surpresa' pelo fato de os dois 'borrachos' inveterados terem se 'emendado' e, dedicados a pesquisa científica, acabarem por arrebatar o 'premio Nobel de Medicina de 1.968. 'Um deles estaria tão 'mamado' que até fora impedido de receber a homenagem. Algum tempo depois outros colegas nossos passaram a nos 'assediar', para saber como é que nos tínhamos relacionado com os dois cientistas. A resposta era simples: nos costumávamos encontrá-los às refeições ou nos 'lanches'. Eu era viajante-vendedor e o Bohrer era filho do gerente do Sulbanco, cuja agência ficava bem em frente ao quiosque da praça central de Santa Cruz do Sul. Algum tempo depois 'caiu a ficha' e a turma começou a fazer gozação com o colega tão 'vivo' pra umas coisas e tão 'ingênuo' pra outras. Resultado, perdemos um 'colador', 'tomador de empréstimos' e 'assassino', pois tinha ' matado' alguns familiares para conseguir os 'empréstimos'. Ganhamos um inimigo que nem mesmo participou das festas de formatura, pois não pagava a associação de turma. Nunca compareceu nas confraternizações e reencontros da ATFB/75. Uma outra 'armação', desta feita para cima de um colega aplicadíssimo, que só tirava nota DEZ. Numa aula prática de toxicologia aplicada, amassei uma folha de canabis sativa(cânhamo) , coloquei diminutos fragmentos numa lâmina e levei ao microscópio ótico em aumento ótico máximo. Visualizei um filamento 'helicoidal', juntamente com outro colega 'mui amigo', que entendeu o 'espírito' da demonstração. Chamou o colega 'nota DEZ' e sugeriu que havíamos encontrado a hélice de DNA. O aplicado colega concordou, e pra impressionar suas colegas de 'grupo' chamou-as pra ver a raridade. Todos foram unânimes e concordaram com o diagnóstico. Lá pelas tantas, cheguei e observei a preparação, recoloquei a lente objetiva para aumento máximo e questionei, quem tinha conseguido visualizar a estrutura de DNA naquele instrumento com capacidade limitada de 300 aumentos. Pois era sabido que tal estrutura só era visível em microscopia eletrônica com alguns milhares de aumento. Todos caíram na real. Furiosos sentenciaram que 'só podia ser 'molecagem' do véio' . Todos havíamos visto uma fibra de celulose.
sábado, 21 de novembro de 2009
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Um comentário:
Véio é véio...
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