sexta-feira, 6 de novembro de 2009
RECUPERANDO A MEMÓRIA
Depois de 'gambetear' ligeira e manhosamente entre 'VOCAÇÃO!,QUE BICHO É ESSE' e 'NOVOS HORIZONTES' e, antes que me quedasse pealado em digressões veras, retorno para minhas reminiscências que estavam ficando fastidiosas. Ocorre que carecia eu de mais um pouco de espaço-tempo para começar a assimilar a idéia de ser pai-coruja. Às vezes minha regina e eu éramos surpreendidos com atitudes insólitas do molequinho que mostrou os primeiros dentinhos em torno de quatro meses. Aos onze meses e quinze dias ao caminhar completamente, 'dispensou', com significativo gesto das mãos, o auxílio de seus pai e mãe. Minha 'agenda' era vistoriada e 'rubricada' em todas as folhas . Causou-me preocupação a presença daquele atento 'fiscal'. Doravante teria eu que tomar mais cuidados com minhas anotações. Já atraía um fã-clube de fazer inveja a algum marmanjo. Sua maior fã era uma moça, filha do casal engenheiro Julio/Helena Menegassi, nossos ex-vizinhos de apê no edifício cujo nome ,'QUERO-QUERO', acabo de recordar.Passeava de automóvel, um Opala branco, com a moça que o 'paparicava muito'. Pousavam juntos para fotos.E chamava-a carinhosamente de 'AMOR', em vez de Eunice, que era o nome dela. Avós, tios e primos não admitiam sequer eu o 'reprimisse', mesmo que fosse só um olhar de desacordo. A avó materna se desmanchava em favores para o 'ferinha' que nem por isso lhe deixava de pregar peças. Numa dessas resolveu enfiar, o pé calçado na sandália, dentro de um buraco na calçada de cimento. Os pedreiros, mesmo 'assustados' com os gritos de 'socorro' e apelo para que trouxessem um 'trator', 'patrola' ou outra qualquer coisa, conseguiram tirá-lo ileso do apuro, na casa de sua 'avó-mãe' que o adorava.Com a avó paterna, mui sisuda, não trocava muitas figurinhas,embora se amassem mutuamente. Em pouco tempo se tornou grande conhecedor de automóveis nacionais. Exceção aos carros importados nas décadas de 40/50 que, ao lhe perguntarmos a marca do veículo, respondia em tom desairoso: 'ah isso é um carro velho'.E assim, despacito, ia dando definição de cada veículo com que deparávamos, quando saíamos em caminhadas pelas ruas com paralelepípedos irregulares, e calçadas de pedra moura. Estas revelando falhas por quebras ou desgaste pelo intenso uso dos transeuntes. Às vezes uma pedra em falso encobria uma poça d'água que acabava por dar um banho no 'vivente' menos avisado, que a 'humilhasse' com os pés. Naqueles dias, Santa Maria guardava traços bucólicos ainda muito nítidos da vida rurícola suburbana do entorno próximo. Eram poucos os prédios com o aprumo arquitetônico, como os que a emolduram hoje. A maioria das ruas era calçada com pedras irregulares, de basalto. Outras ruas mais afastadas do centro eram 'encascalhadas'.Nossa moradia, na rua José Carlos Kruel, não contava com calçamento, dele distando cerca de 20 metros pela rua Parayba, tranversal à nossa. O casario não era alvo de muitos investimentos na conservação e pintura. Desta maneira nosso chalé era um dos mais interessantes do vizindário. Com o tempo sacrificamos alguns mimos e ciprestes e com a pintura restaurada ela até apresentava algum entono. Especialmente quando o Ipê ostentava sua roxa floração. Estes quesitos devem ter atiçado o interesse de marginais que certa vez violaram nossa moradia. Entrando pela porta dos fundos, mais frágil e discreta, acabaram por levar coisas de menor valor.Entre elas um radinho portátil que o menino não cansava de interrogar, repetitivamente: 'o ladrão roubou o radinho é pai'?. Curtidor de animais-de-estimação. Conservava, num tanque com pouca água, uma tartaruguinha verde que deu por falta certa manhã. O tanque transbordara com a chuva,durante a noite, e o pequeno quelônio escafedeu-se, deixando-o frustrado. Até que nossos amigos Juraci/Ricardão, que também o adoravam, regalaram-no com um filhote de 'anatideo''. O bichinho , vulgarmente conhecido, como pato ou marreco, cresceu e rapidamente ficou 'pretencioso'. Logo começou a cortejar as 'poedeiras' do seu Nicácio, morador da nossa direita. Abriu um 'trilho' no 'mato' de nosso terreno, separado do galinheiro por tela de arame. O vizinho reclamou do 'assédio' e acusou o 'frederico' de causar o desassossego e consequente diminuição das posturas das aves. Minha esposa resolveu o impasse permutando o 'frederico' por um filhote de 'psitacideo' que atendia pelo nome de 'rita'. A caturritinha já dava sinais de querer 'parlar' quando, certa manhã fomos observá-la dentro do galpão-garagem.Ela estava agarrada no 'poleirinho', 'rigida'. Não resistiu o rigoroso inverno e sucumbiu ao gélido frio da garagem. Não nos ocorrera levá-la pra dentro de casa onde o fogão a lenha poderia ter lhe evitado o sacrifício da vida. Depois desse não tivemos mais animal de estimação, em Santa maria. Tempos depois esse casal mudou para Porto Alegre. Lá eles novamente nos presentearam, desta feita, com um pitecóide. Deste espero recordar mais adiante.
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