Tenho muito carinho por todas as cidades nas quais permaneci, desde poucos dias a alguns anos. Mas em Cacequi terei deixado a pontinha da cauda. A julgar pelo restante do 'rudimento' apendicular traseiro desse 'roedor', popularmente conhecido por "coelho", mas que a ciência resolveu denominar excenticamente por Oryctolagus Cuniculus. Por esse motivo, principalmente, procurarei consultar mais demoradamente minhas reminiscências a seguir. No momento, vou recordar os dias e meses restantes que vivi no já distante 1960, quando completei dezoito primaveras longe da minha família; naquela 'paróquia' de tão meiga memória. Continuei desempenhando o ofício que ali aprendera e estava abraçando. Amigos e admiradores não faltavam. Entre eles contava vários professores do ginasial, e mesmo do velho e glorioso Grupo Escolar Estadual Hermes da Fonseca, como carinhosamente era conhecido o prédio que acolhia o curso primário, em três turnos diurnos e um noturno; e também o ginasial que ia já para a terceira série. Participava de reuniões da Sociedade São Vicente de Paula, que havia fundado juntamente com mais seis ou sete membros de escola. Entre eles o vigário pároco Quirino Bin e o diretor do Ginásio Cacequiense, brilhante professor de matemática e saudoso amigo Antoninho Araujo..
Após a missa dominical, ou em dias santificados, em que estava de folga, eu ia para o Clube Comercial. Ajudava na secretaria no que pudesse. Quando não necessário, ficava a treinar 'bolão', variedade de boliche, ou então ia dar ou levar uns 'foguetaços' no velho ping-pong. Almoçava no clube mesmo. À tarde, frequentemente, nos deliciávamos nos bingos dançantes, animados pela música dor-de-cotovelo da velha-guarda que naqueles dias já esboçava sinais de perda de fôlego e a jovem-guarda começava a mostrar sua cara. Ambas eram reproduzidas nos 'vovôs’ de 78 rpm, de vinil, em maravilhosas eletrolas e vitrolas.
Veio o Natal que passei com a família em Santa Maria. O ano novo me pegou no batente, na farmácia!. Mais um pouco e já era o carnaval de 1961! Glorioso!. Reencontro com os amigos. Um deles era ''bicho'' da Faculdade de Medicina da nascente U.F.S.M., PRIMEIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DE INTERIOR em nosso País. Organizamos um bloco carnavalesco com esses e outros companheiros residentes na cidade. Um baita bloco, com vinte pares. Era o bloco da TDB - Turma-do-Barulho. A 'nata' da juventude cacequiense, então. Foi uma 'folia' de arromba!. Marcou época. Deu até um ou dois casamentos que perdi de vista. Não ocorreu um mínimo desentendimento, embora estivéssemos presentes, todos os envolvidos no incidente em que o ''jeepeiro'' me jogara contra o muro, meses antes. Afinal éramos amigos. Muitos daqueles companheiros ainda vivem, perdidos em outros rincões Gaúchos e mesmo na cidade, embora há muito não os veja. E se encontrar algum na certa não reconhecerei. Outros, 'abanando o toso' nos deixaram na saudade. Passaram pra outra dimensão melhor, decerto. O carnaval foi-se e arrastou a quaresma com Semana-Santa e Páscoa sem maiores novidades. De um salto, estávamos em junho e eu deveria me apresentar para resgatar meu compromisso com a Pátria. Disso falo depois. Agora vou falar um pouco da história do Cacequi. Um pouco só, para aplacar a saudade do lugar onde encontrei grandes amigos e mestres que não dão mais em 'touceira'.
Nenhum comentário:
Postar um comentário